Produtores do ATeG Café + Forte conquistam premiações em concursos de cafés

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Que a cafeicultura é uma empresa a céu aberto, todos sabem. Como também os desafios que a atividade enfrenta com as intempéries climáticas dos últimos anos: seca prolongada, geada, chuva de granizo. Mas os produtores não estão sozinhos. Enfrentando essas dificuldades, o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Café + Forte, do Sistema Faemg Senar, orienta seus produtores a colher bons frutos e a conquistar melhores mercados para a sua produção. Em 2022, o Programa atendeu 4.225 cafeicultores em toda Minas Gerais.

No Sul e Sudoeste de Minas, na área de atendimento da Regional do Sistema Faemg Senar em Passos, os produtores conquistaram boas pontuações em concursos municipais, regionais e estaduais de qualidade do café, o que mostra o quanto eles tem trabalhado, sobre orientações técnicas assertivas, para que o consumidor tenha um café de qualidade na xícara e eles um retorno financeiro melhor pela bebida produzida.

O mercado de cafés de qualidade, ou cafés especiais, é crescente. Já consolidado no mercado internacional e alavancado no mercado nacional, segundo dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), cresce a 15% ao ano.

Concursos

O Sul de Minas é a maior região produtora de cafés do mundo. Com serras e montanhas entre 850 e 1250 metros de altitude é reconhecida por produzir cafés especiais. Nos últimos anos, os concursos municipais e regionais provam a qualidade de seus cafés, avaliados segundo critérios da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), que considera como especial cafés com 84 pontos.

São muitos os municípios que se destacam pela produção e qualidade de seus cafés e os produtores do ATeG tem ganhado visibilidade. Em Muzambinho, sete produtores do Programa figuraram entre os 20 finalistas do 6º Concurso de Qualidade de Cafés do município, com pontuações entre 84 a 85 pontos. Em Monte Belo, produtores do ATeG também concorreram em concurso municipal e registraram pontuação de até 87 pontos. O mesmo aconteceu em Campestre com 88,63 pontos da produtora Ilma Rosa Corrêa Franco, campeã do 5º Concurso Municipal de Campestre.

Boa parte dos integrantes do ATeG Café + Forte participaram do concurso da Emater com excelentes resultados como os produtores de Juruaia e Andradas com pontuações de até 87,50 pontos.  Os produtores ainda participaram de concursos da Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) e Cooperativa Agropecuária de Produtores Orgânicos de Nova Resende e Região (Copervitae), entre outras cooperativas da região, e do 6º Cupping, concurso organizado pelo Sistema Faemg Senar, para os integrantes do ATeG Café + Forte, com pontuações que foram até 92 pontos.

“Procuro sempre incentivar a identificação da qualidade dos cafés produzidos e assim mostrar aos produtores o grande potencial que tem em mãos e pode ser desenvolvido. Nada melhor do que expor a qualidade dos cafés nos concursos de qualidade, os quais insisto na participação e ainda ajudo na preparação e seleção dos lotes. Vemos que esse trabalho tem surtido efeito com diversos produtores premiados e quase todos já produzindo cafés considerados especiais”, Marcos Bruno dos Santos, técnico do programa em Muzambinho.

Categorias

As categorias Cereja Descascado e Natural lideram a disputa dos cafés especiais. Os técnicos do ATeG trabalham junto aos produtores para garantir as características de cada terroir, no trabalho do pós colheita, na secagem do café, para manter os sabores procurados pelos compradores como o cítrico, adocicado, com notas florais, que são característicos de cada região.

Esses resultados são mostrados em altas pontuações como a da produtora Juliana Lanzanini Gomes, de Andradas, cujo café atingiu a marca de 87,5 pontos e representa o trabalho de muitas mulheres a frente desse segmento. A produtora ganhou no 4º Concurso Municipal de Qualidade dos Cafés de Andradas.  “Eu fiquei feliz em dividir o pódio com mais duas mulheres:  Viviane e Ana Cristina. Como mãe de duas meninas vejo a importância da mulher se destacar no mercado de trabalho. Agradeço as grandes parcerias que tive no ano de 2022. O Sistema Faemg Senar é um exemplo, desde o início da minha trajetória na cultura do café, faço cursos de aprimoramento e, faço parte do programa ATeG com assistência da Agrônoma Karolaine Roteli, que vem nos auxiliando na gestão da propriedade”.

Cooperativas

As cooperativas também comprovam a cada ano a qualidade dos cafés produzidos por seus associados, em concursos. No Especialíssimo, concurso criado pela da Cooxupé, que busca os melhores cafés do Sul de Minas, os produtores do ATeG também são destaque como a produtora Bianca Muniz, de Campestre, e Claudinei Aparecido Dias, de Alpinópolis, classificados entre os 50 melhores cafés da cooperativa com 86 pontos. O produtor, Marcelo Madeira, que tem uma lavoura na divisa dos municípios de Nova Resende e Conceição da Aparecida, ficou em primeiro lugar no mesmo concurso com 90,28 pontos. Ele destaca que sem dedicação e acompanhamento técnico nada acontece. “O ATeG foi muito importante para chegar a este resultado”.  Sobre o trabalho do Claudinei, o técnico que o atende Diogo Vilela destaca que para se chegar a este resultado o café foi colhido em ótimo estágio de maturação e secado em terreiro de cimento, onde o produtor tomou todas as medidas técnicas do pós-colheita para obter ótima qualidade da bebida.  O produtor Abner José Celso de Carvalho , de Caldas, garantiu a sétima colocação nesse concurso.

Cupping

O Concurso de Cafés Especiais do Programa de Assistência Técnica e Gerencial cresce a cada ano e destaca, também, o trabalho dos produtores ao longo do ano. Somente da Regional do Sistema Faemg em Passos foram enviadas mais de 500 amostras para a competição de 2022. O produtor de Cabo Verde Jucemar Alves Moreira conquistou o 2º lugar na categoria Cereja Descascado e é bicampeão. A sua primeira vitória foi em 2021, quando conquistou o primeiro lugar nessa categoria.

Das amostras da Regional de Passos encaminhadas para o concurso de 2022, três foram classificadas para a semifinal, que selecionou 60 amostras. Entre elas estavam os cafés de Antônio Rodrigues Miranda, de Nova Resende, também bicampeão nesse concurso, Christina Ribeiro do Valle, de Guaranésia e Jucemar de Cabo Verde.  Segundo o supervisor, Rodrigo Elias, a cada ano que passa o Cupping fica mais acirrado para os produtores, com o aumento do número de amostras e da qualidade dos cafés atendidos pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Café + Forte.

“É bom ver o empenho dos técnicos e produtores na busca da qualidade. O cupping é para todos os produtores atendidos do ATeG, o que permite o mapeamento da qualidade dos cafés e a análise e evolução dos produtores e técnicos. Eu só tenho a agradecer os nossos técnicos e produtores que não medem esforços em busca da qualidade. O resultado está na boa pontuação dos concursos e no apoio do gerente regional, Rogger Coelho, e toda a equipe do Sistema Faemg Senar. No próximo ano estaremos juntos nessa luta”.

Ambientalmente correto, economicamente viável e socialmente justo

Para se chegar à qualidade dos cafés especiais os produtores tem colocado em prática todo manejo proposto pelos técnicos do ATeG e estão abertos a novos estudos e novas práticas para se produzir com qualidade e sustentabilidade. A produtora Christina Maria Costa Ribeiro do Valle de Guaranésia é um desses exemplos.

Café para nós é paixão. E essa paixão, por mais incrível que pareça, permaneceu por toda a minha longa vida. Há mais de 50 anos trabalho com café. Somos uma família que se dedica a cafeicultura há três gerações. Cada colheita é um desafio para produzir os grãos mais gostosos do que nos anos anteriores”.

Cristina saiu de uma propriedade com 1.100 metros de altitude para outra com 800 metros. O que segundo ela deixou tudo mais complicado. “E se passaram vários anos sem conseguir produzir um sabor diferenciado. Mas, para tudo temos de procurar solução. Começamos a estudar a agricultura regenerativa. A geada e as secas dos últimos anos, estragaram muito nossas lavouras. Tivemos de podar, esqueletar, replantar os cafezais. Resolvemos que esse seria o ano agrícola de ousar, fazer tudo diferente. Voltar a ter as plantas que eram características nas lavouras antigamente: maria preta, serralha, picão e muitas outras, sem esquecer das minhocas! Montamos uma bio fábrica e passamos a multiplicar os biológicos. Implantamos esse método. E aí plantamos leguminosas que com suas flores coloriram as ruas de café e atraíram muitas abelhas. E o café que sofreu geada e duas secas produziu sem adubos químicos e sem defensivos. Grãos perfeitos com um sabor maravilhoso. Essa é a história desse café que ficou no entre os melhores do Sul de Minas”. A produtora conquistou 82,43 pontos no Cupping de 2022.

Fonte: Assessoria de Comunicação Sistema Faemg Senar – Regional Passos (Por Denise Bueno)