FOLHA TÉCNICA: Variedade Geisha de cafeeiros mostra baixas produtividades e baixo vigor

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A variedade de cafeeiros Geisha, em diversos lotes cultivados na região Sul de Minas, vem apresentando baixas produtividades e baixo vigor, dificultando seu cultivo comercial.

O café da variedade Geisha tem o nome de sua cidade de origem, situada na região sul da Etiópia. Passou pela Tanzânia e Quênia, antes de chegar à América Central(Costa Rica e Panamá) e ao Brasil , na década de 1960.

Com a constatação da ferrugem do cafeeiro em 1970, a variedade Geisha foi estudada, pela pesquisa do IBC, pelo seu potencial, na época, de resistência ao fungo da ferrugem. Em dois ensaios, no Paraná e Alto Paranaiba-MG, o material, de 2 seleções de Geisha, com genótipo provável SH1SH1, mostrou, índices baixos de infecção pela ferrugem (4-14% de fls infectadas). As produtividades foram, nos 2 ensaios, 33 a 45% menores que as do Catuai (Kaiser et alli, Anais do 5º CBPC, IBC-GERCA, 1977, p. 113 e Figueiredo e Almeida, Anais do 5º CBPC, IBC-GERCA, 1977, p. 99). Também nessa década a variedade Geisha mostrou sua resistência/imunidade à mancha aureolada (Mohan et alli, Anais 5º CBPC, IBC-GERCA, 1977, p. 24). Assim, pela sua produtividade mais baixa e pela ocorrência da raça III de H. vastatrix, a qual quebra a resistência do material SH1, o material de Geisha deixou de ser desenvolvido, permanecendo, apenas, em bancos de germoplasma.

O interesse pela variedade Geisha ressurgiu a partir de 2004, quando os seus cafés bateram recordes em provas e em leilões, ganhando o concurso Best of Panamá, atingindo 94,6 pontos na escala da Specialty Coffee Association (SCA). No Brasil, nos últimos anos, tem havido pequenos plantios da variedade, em diversos locais, com fins de produzir cafés especiais e de participação em concursos de qualidade.

Nas Fdas Sertãozinho, em Botelhos e em Poços de Caldas-MG, em altitudes na faixa de 1000, 1200 e 1500 m, foram feitos plantios da variedade Geisha, inicialmente em um campo experimental, com parcela de 15 plantas, oriundas de sementes obtidas do banco de germoplasma da Fda Experimental da Fundação Procafé, de Varginha-MG. Depois foram formados lotes de materiais dessa variedade, com sementes de origem do Panamá e da Guatemala, com plantios efetuados em 2017 e 2020, perfazendo um total de 20 mil plantas em cerca de 5 ha. O objetivo é produzir micro-lotes para o fornecimento de cafés especiais.

Os resultados de produtividade obtidos, até o momento, têm sido baixos. No Campo experimental da Fda Sertãozinho a primeira safra resultou em 15 sacas/ha e as plantas tem apresentado baixo vigor. Nos lotes comerciais a produtividade na primeira safra foi de 7 sacas/ha, na segunda são esperados 10 scs/ha.

Na Fda Experimental de Varginha os cafeeiros da variedade Geisha vêm, gradativamente, perdendo o vigor e exemplares com 15 anos de idade já se apresentam muito depauperados, algumas plantas da parcela até morreram.

Os resultados de avaliação dos lotes de campo mostraram ausência de infecção por Pseudomonas, confirmando, assim, a resistência desses materiais de Geisha, oriundos do banco de germoplasma da FEX Varginha, da Guatemala e do Panamá. Quanto à ferrugem era prevista infecção normal, o que não ocorreu, devido, provavelmente, a não prevalência ou a não virulência das raças que atacam o material SH1SH1. Plantas de cultivares susceptíveis, ao lado, , apresentaram infecção normal pelas 2 doenças.

Quanto ao aspecto da bebida o resultado tem sido muito positivo. Em um dos lotes foi obtida a nota de 95 pontose em outras foram alcançadas notas de 88 a 90 pontos (escala BSCA).

Observações complementares foram feitas em parcela experimental com a variedade Geisha, em cafeeiros cultivados na zona de montanha do Espirito Santo. Verificou-se um bom desenvolvimento inicial das plantas, porém com baixa frutificação. Na segunda safra a produtividade foi de 8,2 scs/há

Conclui-se, preliminarmente, que – o material de cafeeiros Geisha, de diversas origens, nas condições de cultivo em altitudes elevadas, no Sul de MG e na zona de montanha do ES, apresenta baixa produtividade e baixo vigor, com as plantas desfolhando muito após a colheita. Em condições de campo apresenta boa resistência à ferrugem e à mancha aureolada. Também, esse material possui excelente potencial para obtenção de cafés especiais, pela alta pontuação obtida.

Por: J.B.Matiello e L. Bartelega – Engs Agrs Fundação Procafé e Lucas Franco, Lucas H Figueiredo, e Alexandre M. Marchetti e Fernando C. Figueiredo – Engs Agrs Fazendas Sertãozinho e Cesar A. Krohling- Eng Agr Consultor