FOLHA TÉCNICA: Adaptação do cultivo de cafeeiros robusta/conillon na Chapada Diamantina-BA

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O cultivo de cafeeiros robusta/conillon está se mostrando viável, com boa adaptação às condições da região da Chapada Diamantina, no estado da Bahia.

O cafeeiro robusta, da espécie Coffea canephora, é oriundo de regiões quentes, de países africanos, sendo o Conillon oriundo da África seca. Além de suportar temperaturas mais altas, o cafeeiro Conillon também suporta déficits hídricos mais severos.

A região da Chapada Diamantina, na Bahia, possui áreas de altitude mais elevadas, na faixa de 800-1000 m. Nessa região o zoneamento climático indicou a aptidão para cafeeiros da espécie C. arabica, pelo clima mais frio. No entanto, o regime de chuvas tem sido insuficiente. No período outubro a dezembro, onde o cafeeiro floresce e frutifica, só ocorrem chuvas de trovoada e de forma inconstante. O período normal de chuvas vai de março a julho.

Na maioria das propriedades da Chapada Diamantina não existe disponibilidade de água para irrigar as lavouras de café arábica. Então, o cafeeiro conillon poderia ser uma alternativa adequada de cultivo, pela sua maior tolerância a estresses hídricos.

Um trabalho de adaptação de lavouras de café robusta/conillon está sendo realizado no município de Bonito, na Fda Rio do Barro, a 900 m de altitude. Já foram plantados dois lotes de cafeeiros conillon, com cerca de 1 ha cada. Foram usadas, nessa primeira etapa, mudas de sementes, oriundas do Vale do Rio Doce-MG, dos clones LB1 e 2. Não foram usadas mudas clonais devido à indisponibilidade dessas mudas na região. Ainda, deve-se considerar que, para cultivo de sequeiro, sem irrigação, as plantas oriundas de sementes sempre possuem um sistema radicular mais profundo. O espaçamento usado foi de 3,5 x 1 m e foram conduzidas 3 hastes por planta.

Os resultados obtidos, na safra inicial, mostraram frutificação normal, com rosetas cheias e sem problemas de frio na folhagem. As produtividades obtidas foram boas, se situaram na faixa de 50 sacas por ha, embora se trate de plantas com produção inicial. Verificou-se, ainda, que as plantas de conillon se mantém bem vigorosas e com folhagem verde, sem sentir os déficits hídricos que tem havido no local. Um pequeno problema é que por haver algo de chuva no inverno ocorrem mais floradas, porém, os frutinhos dessas florações tardias acabam sendo “expulsos”, pelo efeito dreno, pelos frutos maiores e na colheita a frutificação se mostra com maturação adequada à derriça em uma só passada.

As observações de campo, efetuadas recentemente, constataram, pela primeira vez na região, a infestação de cochonilha de frutos (Planococcus minor) em alguns ramos dos cafeeiros conillon. Essa praga é um problema sério nas regiões tradicionais desse cultivo. A infestação dessa cochonilha não era esperada, pela completa inexistência de plantas de café robusta na região.

Conclui-se, com base nos resultados obtidos e nas verificações em campo, que é possível cultivar lavouras de café robusta/conillon na Chapada Diamantina. Embora não tenha havido problemas com ventos frios, nas lavouras em análise, é indicado localiza-las, dentro das propriedades, nas áreas mais protegidas e, se necessário, instalar quebra-ventos temporários. Em seguimento ao trabalho, deverão ser selecionadas as melhores plantas da lavoura, para preparo de mudas clonais, visando o plantio de novas áreas. Também será adotado o espaçamento de 0,7 m na linha e condução de apenas 2 hastes por planta.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé. Acelino P. de Andrade Neto – Tec Fda Rio do Barro e Tiago G. de Carvalho – Eng Agr Professor Univ. Anhanguera)