Chuvas atrasam colheita e podem afetar a qualidade do café no norte paulista

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A colheita de café está parada em Espírito Santo do Pinhal, no norte do Estado de São Paulo. A chuva dos últimos dias é o motivo da pausa. Até agora, o volume colhido foi 20% menor do que na mesma época do ano passado. Desde junho, já são cerca de 10 dias de sem trabalho de campo. Se agora a chuva atrapalha, em fevereiro e março ela fez falta nos cafezais e prejudicou a formação dos grãos.

O maior problema do tempo úmido é que a chuva, quando vem com vento, derruba muitos grãos do pé. O café que cai no chão pode fermentar e perde muita qualidade.

O volume já colhido e que está no terreiro também pode perder qualidade em razão do excesso de água. O cafeicultor deve perder renda com a dificuldade em produzir cafés finos. Mesmo o café que ainda não foi colhido já tem fungos, de acordo com o engenheiro agrônomo da cooperativa de cafeicultores da cidade (Coopinhal), Celso Scanavachi, que orienta os produtores da região.

– Procure separar estes cafés inferiores, cafés que foram espalhados no terreiro devem ser colocados em tulhas separadas. Procure levantar sempre este café da árvore com máquinas ou no pano pra não misturar com os do chão e ter maior zelo possível pra não comprometer a qualidade. E acelere a colheita, porque daqui a pouco nós temos a florada e não terminou a colheita ainda – recomenda Scanavachi.

No norte de São Paulo, próximo à divisa com Minas Gerais, são baixas as chances de geada. O presidente da Coopinhal, Alexandre Husemann da Silva, acompanha o tempo em outras regiões produtoras e acredita que a onda de frio não deve fazer os preços subirem porque o país tem muita produção em regiões mais quentes como o Cerrado e o Estado da Bahia.

– O efeito dos preços não é muito grande hoje em dia. A internet faz com que a avaliação seja muito rápida. Então, o que acontece numa ocorrência dessa, sobe o preço um pouquinho e na hora que ele tem a avaliação vê que a percentagem não foi muito grande, aí ele estabiliza outra vez – afirma Silva.

Produção em ciclos menores – Em outra fazenda em Espírito Santo do Pinhal, o cafeicultor Plínio Fernandes não está preocupado com o clima. Ele produz diferentes variedades de café arábica com ciclos menores, intermediários e mais longos. Assim, a colheita ocorre em diferentes períodos e as variações do tempo não trazem muitos impactos à atividade.

– O [café do tipo] obatan, que dá uma excelente bebida, uma excelente produtividade, não é fácil ele se adaptar em determinados terrenos, mas aqui na nossa região ele está sendo excepcional. Tem grão verde, tem grão maduro. Está dentro da normalidade. Este café nós vamos colher com máquina em quinze dias – garante o produtor.

Canal Rural – RuralBR
Roberta Silveira

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