Voltando no tempo: O maior líder em pesquisa científica cafeeira foi e continua sendo do Brasil

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Alcides Carvalho mudou a história da produção brasileira, é referência na pesquisa até os dias atuais e tem nome reconhecido na cafeicultura mundial
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Embora a tradição do Entrelinhas do Cafezal seja contar as histórias que fazem a cafeicultura do Brasil acontecer nos dias atuais, também é importante voltar no tempo e reconhecer os grandes nomes do setor que fizeram a diferença para o desenvolvimento de um dos setores mais importantes do Brasil.

O país, sempre na vanguarda da pesquisa, produção e exportação, coleciona nomes importantes nessa trajetória que ajudou, inclusive, no desenvolvimento econômico do Brasil. Alcides Carvalho é uma das personalidades que fizeram a diferença na pesquisa e avanço da produção brasileira.

Lembrado até os dias atuais, Alcides Carvalho é reconhecido mundialmente como o maior líder científico da cafeicultura mundial. Ele, que nasceu em 1913 em Piracicaba, no estado de São Paulo, cresceu em uma fazenda cafeeira e dedicou a própria carreira à pesquisa e ciência aplicada no café. Formado em agronomia, construiu a história no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), estudando, pesquisando e encontrando soluções para a genética do café.

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Por 50 anos, o pesquisador dedicou a vida para conhecer mais da genética da planta do café, e o resultado foi o desenvolvimento de mais de 60 variedades de café. Boa parte deste montante ainda compõem o parque cafeeiro do Brasil.

“Pesquisadores renomados participaram ativamente dos trabalhos de pesquisa com o cafeeiro na equipe liderada por Alcides Carvalho depois de 1935 e, colaboraram de forma efetiva para o desenvolvimento econômico e social do país. Na década de 90, a antiga Seção de Café e parte da Seção de Genética foram reunidas, dando origem ao Centro de Café e Plantas Tropicais do IAC, que em 2001 foi nomeado Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio do Café ‘Alcides Carvalho”, afirma um publicação do IAC.

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IAC conta até hoje com o maior banco de germoplasma de café do mundo​​​​​

Seu Alcides contribuiu tanto para o desenvolvimento da cultura no país, que foi homenageado e emprestou seu nome para o Centro de Café Alcides Carvalho, fundado em 1887 com o objetivo de colaborar para o avanço das pesquisas cafeeiras. Na época, São Paulo era um importante produtor de café, respondia boa parte do mercado e a malha ferroviária também era um ponto forte da região.

Atualmente, 136 anos depois da criação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), os pesquisadores que compõem o time focado no café ainda relembram que falam com carinho do legado deixado por Alcides Carvalho.

“Falar do dr. Alcides Carvalho é uma honra porque com certeza ele foi uma das pessoas que mais impactou a cafeicultura do Brasil e do mundo. Eu trabalho aqui atualmente e o impacto do trabalho do dr. Alcides é alguma coisa muito difícil de medir. Ele contribuiu de forma significativa desenvolvendo o programa de melhoramento genético aqui do IAC e contribuindo com duas das principais cultivares de café, que até hoje são plantadas, que é o Mundo Novo e Catuaí. Dr. Alcides, com certeza é um dos grandes nomes da cafeicultura brasileira e mundial”, afirma Sérgio Parreiras Pereira – pesquisador científico do Centro de Café do IAC.

Saiba mais sobre a atuação do Centro de Café Alcides de Carvalho 

Até os dias atuais, o Centro de Café realiza pesquisa científicas em várias áreas do universo da cafeicultura. É a partir dali que são geradas novas tecnológicas e novos produtos para os cafés do Brasil, e que acabam se tornando espelho da cafeicultura mundial.
Os principais resultados das atividades do Centro são as cultivares de café IAC, que até 2013 somavam 65 registradas e uma protegida no MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento).

Essas cultivares se caracterizam por diferenciais como elevada produção, ampla adaptação a diferentes regiões produtoras, resistência a pragas e doenças e excelente qualidade de bebida.

Das cultivares IAC desenvolvidas destacam-se no cenário da cafeicultura nacional o ‘Mundo Novo’ e o ‘Catuaí’, que correspondem à maior fração dos 90% dos mais de 4 bilhões de pés de café arábica plantados, segundo estimativas. Outras cultivares de café arábica registradas pelo IAC também bastante difundidas no Brasil são Obatã, Tupi e seleções de Bourbon. Mais recentemente registrada no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) com elevado potencial, é a cultivar ‘IAC 125 RN’, com resistência à ferrugem e nematoides. Destaca-se também entre as cultivares IAC a cultivar protegida com diferencial de qualidade de bebida ‘IAC 04 5125’, que apresenta eduzido teor de cafeína no grão (0,07%).

As pesquisas com café arábica em andamento, várias delas em estado bastante avançado de desenvolvimento, abordam uma grande diversidade de interesses, incluindo cafeeiros resistentes a bicho-mineiro, ao calor e à seca e seleção de cafeeiros para bebidas e grãos com características de interesse para o mercado de cafés especiais. Estudos com café robusta também são contemplados, e tratam da seleção de novas variedades para cultivo em regiões marginais para o café arábica.

As atividades do Centro de Café contribuem para a evolução da cafeicultura nacional também pela geração de tecnologias de manipulação genética do cafeeiro e de sua exploração para outros fins que não a bebida. Fazemos diversos estudos e diagnósticos sobre a cafeicultura nacional, sua sustentabilidade e demandas, bem como divulgamos resultados de trabalhos de pesquisa na mídia eletrônica, digital e impressa. Também contribuímos para a formação de recursos humanos, mediante participação em cursos de graduação e de pós-graduação, palestras e dias de campo para profissionais e estudantes. O Cento de Café assiste também produtores e o Governo do Estado, mediante consulta.

O programa de melhoramento do cafeeiro do Centro de Café conta com o suporte de grupos que atuam em biotecnologia, socioeconomia, agroclimatologia, fitopatologia, química e qualidade dos grãos e bebida do próprio Centro, de outros departamentos do Instituto e de outras instituições estaduais e federais, incluindo Universidades, Empresas e Institutos de Pesquisa, além de produtores.

Por:  Virgínia Alves
Fonte:  Notícias Agrícolas