USDA: Produção e consumo global de café devem aumentar no ano-safra 2023-2024

De acordo com um relatório recente do USDA, a produção mundial de café no ano-safra 2023-2024 deverá aumentar em 4,3 milhões de sacas (60 kg/saca), equivalente a 2,5% em relação ao ano-safra anterior, para 174,3 milhões de sacas.

Do qual, espera-se que a maior produção no Brasil e no Vietnã compense o declínio na Indonésia. 

Com a oferta adicional, as exportações globais de café devem aumentar em 5,8 milhões de sacas, para um recorde de 122,2 milhões de sacas, principalmente devido aos fortes embarques de exportação do Brasil. 

O consumo global de café também está previsto em um recorde de 170,2 milhões de sacas em MY 2023-2024, um aumento de quase 2 milhões de sacas em relação à safra anterior; portanto, espera-se que os estoques finais permaneçam baixos em 31,8 milhões de sacas.

Brasil: Prevê-se que a safra 2023-2024 do Brasil aumente em 3,8 milhões de sacas, para 66,4 milhões de sacas. No qual, a produção de café arábica aumentou em 4,9 milhões de sacas, para 44,7 milhões de sacas. 

Em janeiro deste ano, a maior região produtora de café do Brasil, o estado de Minas Gerais, registrou chuvas acima da média durante o período de fruticultura, dificultando o controle de doenças e pragas pelos agricultores.

No entanto, o aumento das chuvas resultou em grãos de café maiores em comparação com a safra anterior, o que contribuiu para o aumento da produção. Embora a produção deva aumentar novamente, isso ainda é menor do que o pico de quase 50 milhões de sacas nas temporadas anteriores. 

As lavouras de arábica em muitas das regiões produtoras do Brasil continuam se recuperando de fortes geadas, altas temperaturas e chuvas abaixo da média em 2021, que reduziram a produção de café nas safras 2021-2022 e 2022-2023.

Enquanto isso, a produção de robusta do Brasil deve cair pela primeira vez após seis anos consecutivos de crescimento, com uma queda de 1,1 milhão de sacas para 21,7 milhões de sacas. A redução das chuvas e as baixas temperaturas durante o período de floração reduzem a produção no estado do Espírito Santo, principal região produtora de robusta do Brasil. 

Prevê-se que as exportações de café do Brasil se recuperem e aumentem em 8 milhões de sacas em relação ao ano anterior, para 41 milhões de sacas, impulsionadas por maiores ofertas e estoques globais reduzidos.

Vietnã: Prevê-se que a produção de café do Vietnã no ano cafeeiro de 2023-2024 aumente em 1,6 milhão de sacas (5%) para 31,3 milhões de sacas devido ao clima favorável. Espera-se que a área de produção permaneça inalterada, com quase 95% da produção total ainda sendo de café robusta. 

A precipitação está prevista 10-20% acima da média, apoiando a irrigação, bem como o crescimento do cafeeiro. As pessoas também replantaram gradualmente os pés de café para aumentar a produção. 

Algumas fontes do USDA na indústria cafeeira vietnamita são ainda mais otimistas, prevendo a possibilidade de a produção total de café ser 5-10% maior do que no ano anterior. Os agricultores estão gradualmente replantando os cafeeiros com novas variedades com melhor rendimento e resistência a doenças. Isso ajudou a melhorar o rendimento da safra de café. 

No entanto, as exportações de café verde do Vietnã devem cair 1,5 milhão de sacas, para 24,5 milhões de sacas, devido aos baixos estoques iniciais e às regulamentações de importação mais rígidas da União Européia.

O USDA prevê que os estoques finais do Vietnã da temporada 2023-2024 aumentarão em 1 milhão de sacas em comparação com a temporada anterior, para 2,7 milhões de sacas.

América Central e México: A previsão de produção de café para a América Central e México permanece praticamente inalterada em relação ao ano-safra anterior, em 17,9 milhões de sacas, das quais o café arábica responde por 95% da produção total. Espera-se que o crescimento modesto em Honduras, El Salvador e Costa Rica compense um leve declínio na Guatemala. 

Prevê-se que as exportações de café verde da região sejam semelhantes às da última temporada, em 14,7 milhões de sacas, graças aos embarques constantes para os principais mercados.

Colômbia: Prevê-se que a produção de arábica da Colômbia aumente em 300.000 sacas, para 11,6 milhões de sacas em MY 2023-2024, graças a maiores rendimentos. Mesmo assim, a produção da Colômbia ainda está quase 15% abaixo da média anual, já que os cafeicultores limitam o uso de fertilizantes devido ao aumento dos preços. 

As exportações de café verde da Colômbia, principalmente para os EUA e a União Européia, devem aumentar apenas ligeiramente em 100.000 sacas, para 10,9 milhões de sacas, já que a oferta continua escassa.

Indonésia: Prevê-se que a produção de café da Indonésia na safra 2023-2024 diminua em 2,2 milhões de sacas, para 9,7 milhões de sacas. 

No qual, a produção de robusta está prevista para diminuir em 2,1 milhões de sacas, para 8,4 milhões de sacas. As fortes chuvas durante o desenvolvimento dos frutos de café reduziram a produção nas terras baixas do sul de Sumatra e Java, que respondem por cerca de 75% da área robusta da Indonésia. A produção de arábica também deve cair ligeiramente para 1,3 milhão de sacas.

Com essa previsão, as exportações de café verde da Indonésia devem cair acentuadamente de 2,5 milhões de sacas para 5,2 milhões de sacas na temporada 2023-2024.

Etiópia: A produção de arábica da Etiópia está prevista quase inalterada em 8,4 milhões de sacas e continua sendo o terceiro maior produtor mundial de café arábica, depois do Brasil e da Colômbia. Os rendimentos permaneceram estáveis ​​em torno de 14 sacas/ha, enquanto outros produtores líderes de arábica têm rendimentos médios de 40 a 60% maiores. 

Melhores práticas de manejo de culturas não foram amplamente adotadas, já que 95% da agricultura ocorre em terrenos não comerciais, normalmente com meio hectare ou menos.

O baixo rendimento também se deve ao uso limitado de pesticidas, apesar da ocorrência de doenças dos frutos do café, murcha do café e podridão das raízes. Prevê-se que as exportações de café verde da Etiópia permaneçam inalteradas devido à oferta estável.

Índia: Prevê-se que a safra 2023-2024 da Índia caia em 400.000 sacas, para 5,8 milhões de sacas. Principalmente devido à queda na produção de Robusta em 300.000 sacas para 4,6 milhões de sacas devido ao impacto de um período de seca que durou de dezembro de 2022 a março de 2023 e depois ao fraco desempenho das chuvas de monção.

A produção de arábica da Índia deverá cair em 100.000 sacas, para 1,2 milhão de sacas. No entanto, as exportações de café verde da Índia ainda devem aumentar em 100.000 sacas, para 4,3 milhões de sacas, e os estoques devem diminuir ligeiramente.

As importações aumentaram na maioria dos principais mercados

Prevê-se que as importações de café pela União Européia (UE) aumentem em 3 milhões de sacas, para 47,5 milhões de sacas, e representem 40% do café verde importado do mundo. Os principais fornecedores da UE em 2022 incluem Brasil (35%), Vietnã (22%), Uganda (7%) e Honduras (6%). Os estoques finais devem aumentar em 500.000 sacas, para 13,1 milhões de sacas.

Os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior importador mundial de café verde, com 26,5 milhões de sacas na safra 2023-2024, um aumento de 2,5 milhões de sacas em relação à safra anterior. Os principais fornecedores desse mercado são Brasil (31%), Colômbia (19%), Vietnã (10%) e Guatemala (6%). Os estoques de café nos EUA para 2023-2024 também devem aumentar em 1,1 milhão de sacas, para 6,8 milhões de sacas.

Ajuste de produção no ano-safra 2022-2023

Além das projeções para 2023-2024, o USDA também revisou os números da produção e comércio global de café para a safra 2022-2023.

Assim, a produção mundial de café para o ano cafeeiro de 2022-2023 é revisada em 2,7 milhões de sacas, ante a estimativa feita em dezembro de 2022 para 170 milhões de sacas.

O USDA ajustou a produção colombiana em mais de 1,3 milhão de sacas, para 11,3 milhões de sacas, devido às fortes chuvas e nuvens que reduziram a produção.

Da mesma forma, a produção em Honduras diminuiu em 600.000 sacas, para 5,4 milhões de sacas, pois a ferrugem do café reduziu a produção mais do que o esperado. Além disso, a produção peruana caiu 600.000 sacas para 3,6 milhões de sacas devido à escassez de mão de obra durante a safra. Enquanto isso, a produção da Indonésia aumentou em 500.000 sacas, para 11,9 milhões de sacas, graças ao aumento da produção.

Estima-se que as exportações mundiais de café verde aumentem em 400.000 sacas, para 116,4 milhões de sacas no ano-safra de 2022-2023. No qual, as exportações do Vietnã aumentaram em 1,5 milhão de sacas para 26 milhões de sacas devido a estoques acima do esperado. As exportações indonésias também foram revisadas para cima em 1,1 milhão de sacas, para 7,7 milhões de sacas, devido ao aumento da oferta exportável e a uma queda acentuada nos estoques.

Por outro lado, as exportações da Colômbia caíram 700.000 sacas, para 10,8 milhões de sacas, devido à menor oferta exportável. Além disso, as exportações do Peru diminuíram em 600.000 sacas, para 3,5 milhões de sacas, devido a uma redução na oferta exportável.

Os estoques finais foram revisados ​​para baixo em 2,5 milhões de sacas, para 31,6 milhões de sacas. Somente o Vietnã diminuiu 1,3 milhão de sacas, para 1,7 milhão de sacas, devido a exportações mais fortes do que o esperado. Enquanto o Japão também reduziu 700.000 sacas para 2,3 milhões de sacas devido a menores importações.

Fonte: Vietnambiz