Safra recorde de arábica no Espírito Santo

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O ano começa com uma boa notícia para a cafeicultura capixaba. Apesar de toda a crise hídrica enfrentada nos últimos dois anos, a produção de café arábica no Espírito Santo bateu recorde em 2016.

A área plantada diminuiu 10%, mas a produção dobrou, chegando perto de 4 milhões de sacas. Os dados foram divulgados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O Incaper atribui os resultados a um conjunto de ações e tecnologias adotados por meio do programa Renovar Arábica, lançado em 2008. O programa incentivou o adensamento, a melhoria da nutrição e correção do solo baseado em análises da terra.

De acordo com o extensionista do Incaper em Brejetuba, Fabiano Tristão, o conjunto de tecnologias proposto gerou condições para a alta produção e a alta produtividade. “Aliado a isso, teve a questão da qualidade. Das quase 4 milhões de sacas produzidas em 2016, 1,2 milhão são de cafés especiais”, acrescenta.

As melhorias adotadas no campo fizeram a produtividade média – que era de 11,5 sacas por hectare – ter um acréscimo, passando para 26 sacas por hectare. O Estado também colheu um volume 30% maior de café arábica de qualidade em 2016.

Produtividade

O pesquisador do Incaper e coordenador do Programa Estadual de Cafeicultura, Romário Gava Ferrão, e a pesquisadora do Incaper/Embrapa Café, Maria Amélia Gava Ferrão, são unânimes ao atribuir esses resultados às ações adotadas pelo Renovar, que dobraram a produtividade sem aumentar a área plantada.

O programa pretendia atingir esses números só em 2025, mas os produtores adotaram as boas práticas e colheram esses resultados em apenas 8 anos, chegando a ultrapassar a meta de produtividade, afirma o Incaper.

Na avaliação de Amélia, esse é um marco para o Espírito Santo, pois a produtividade local era considerada baixa, por falta de tecnologia. “A renovação e o revigoramento das lavouras nas bases propostas pelo Renovar nos colocam em condições tecnológicas similares aos maiores produtores de arábica do país, como Minas Gerais, São Paulo e Paraná”, destacou.

Diferentemente do arábica, a safra de café conilon no Estado fecha 2016 em queda, com colheita de 5,035 milhões de sacas – menos da metade do que poderia colher se não houvesse a crise hídrica. Para Ferrão, todas as tecnologias voltadas para o conilon foram planejadas e executadas reconhecendo o ambiente de déficit hídrico.

No entanto, nas regiões onde o conilon é cultivado, foram cerca de mil dias de seca, o que deixou a produção praticamente inviável em algumas áreas. “Se não tivesse a seca, a produção capixaba de conilon chegaria a 12 milhões de sacas. Mesmo sendo uma das cafeiculturas mais tecnificadas do mundo, as condições foram extremamente adversas”, justifica.

Soma-se a isso o fato de que as temperaturas estavam 3ºC acima da média, e a insolação foi muito grande. “70% das lavouras de conilon são irrigadas, mas faltou água porque o produtor teve que se adequar às restrições de uso. Nenhum ser vivo suporta uma condição tão adversa”, completa Romário.

Temperatura amena favorece cultivo

A safra recorde de arábica do Espírito Santo ocorre durante um período crítico para a cafeicultura capixaba, devido à crise hídrica. Técnicos e pesquisadores avaliam que isso foi possível porque a espécie é cultivada em regiões com altitude acima de 500 metros, onde a temperatura é mais amena e as chuvas foram mais bem distribuídas.

Soma-se a isso o fato de, nessas regiões, ter chovido no início de 2016, justamente na época do enchimento dos grãos, quando a planta mais precisava de água.

Como a maior parte do café arábica do Estado não é irrigada, os cultivos dos produtores apresentaram boa tolerância à seca.

Além disso, o arábica vinha de dois anos consecutivos de safra baixa, e a planta estava mais enfolhada, mais vigorosa, porque conseguiu fazer reserva de energia, explica pesquisador do Incaper Romário Gava Ferrão.

No geral, o Espírito Santo colheu em 2016 cerca de 9 milhões de sacas, sendo quase 4 milhões de arábica e pouco mais de 5 milhões de conilon.

Se o Estado não tivesse enfrentado esta enorme crise hídrica, a safra poderia ter chegado a 16 milhões de sacas. Mesmo com a queda, o Espírito Santo continua sendo o maior produtor de conilon do país.

Fonte: Gazeta Online (Por Patrik Camporez) e foto de Marcelo Prest 

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