Resistência a doenças e boa produtividade do café arara atrai produtores no Sul de MG

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Cada vez mais conhecido principalmente por ser resistente a doenças, o café do tipo arara tem ganhado notoriedade e espaço nas lavouras do Sul de Minas. Segundo a Fundação Procafé, apenas em 2019, já foram comercializadas mais de 40 milhões de sementes da espécie.

“O arara é bem produtivo e a qualidade de bebida é bem superior as outras. Antigamente, existia o costume de falar que o bourbon amarelo era o melhor café por conta da doçura, da melhor qualidade da bebida. Só que o borboun é muito receptivo a doenças, ele pega muita ferrugem, cercospora, bactéria. Já o arara tem grande resistência”, comenta Lucas Antônio Franco, agrônomo e gerente de uma fazenda em Botelhos (MG).

Com grãos maiores como uma de suas características, o café arara ganha muito em qualidade, o que faz com que a expansão da produção na propriedade onde Lucas trabalha seja constante e de forma gradativa.

“Este ano, nós vamos plantar mais 100 mil pés e chegar a 160 hectares do arara, de um total de 650 hectares plantados com cinco espécies diferentes de café”.

Mesmo com todas as peculiaridades da espécie, Lucas explica que o fato dela ter a maturação tardia impede que toda área seja cultivada apenas com o café arara.

“É difícil você escolher outra variedade pra plantar com todas as características do arara. Mas como ele amadurece mais tarde, considerado um café super-tardio, a gente tem que ter um escalonamento na colheita”, detalha.

Tamanho dos grãos é um dos pontos fortes do café arara — Foto: Filipe Martins

“[É necessário] ter os cafés que amadurecem mais cedo, para começar a colheita em maio, colhendo café bem maduro, e os cafés com maturação média, como catuaí, catucai, para depois, chegando ao final da safra, final de julho, agosto, você ter o arara, que chega na maturação mais no final da colheita”, pontuou.

Por se tratar de um café muito resistente, mais vigoroso e que não exige pulverização ou controle constante de doenças, o café arara é uma espécie que o pequeno ou médio produtor pode apostar para se obter bons lucros.

“A gente fala que o arara é um café que não precisa investir tanto para se ter um retorno. A parte de nutricional é normal, tem que estar aplicando para ele crescer e produzir, mas é um café que não exige tanto do produtor”, concluiu o agrônomo.

‘O arara é bem produtivo’, explica Lucas Antônio Franco, agrônomo — Foto: Filipe Martins

E foi pensando exatamente assim que a pequeno produtor Dirceu Figueiredo começou a investir no café arara. Há cinco anos ele plantou os primeiros pés da espécie em seu sítio em Divisa Nova.

“Na época, fiz a opção porque o arara não dependia de uma atenção mais dedicada minha. Eu trabalhava em outro sítio, não tinha muito tempo para cuidar das minhas plantas e me falaram que ela era uma espécie muito resistente a várias coisas”, comentou.

Com os custos do manejo mais baixos, a lucratividade mais alta e hoje gozando do café como principal fonte de renda, Figueiredo já pensa em aumentar a produção do arara para cerca de 80% da sua lavoura.

“Este ano já fiz boa parte da renovação. Só não plantei mais do café arara porque não encontrei muitas sementes da planta, mas para a nova safra quero ver se consigo renovar mais uma boa parte da minha lavoura. Quem sabe um dia posso dizer que produzo apenas o café arara”.

Variedade do café arara atrai produtores no Sul de MG — Foto: Filipe Martins

Fonte: G1 Sul de Minas (Por Filipe Martins)

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