Oportunidades para o Brasil no comércio mundial

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País é destaque na produção global de alimentos, mas ainda há muitos mercados para serem abertos e uma série de desafios, entre eles os acordos comerciais

Em recente reunião do Cosag (Conselho Superior do Agronegócio), Marcos Jank, professor sênior de agronegócio no Insper, uma das principais instituições de ensino superior no país, e coordenador do centro Insper Agro Global, trouxe uma apresentação inédita com o tema “O futuro do Agronegócio no comércio global e a inserção do Brasil”.

Segundo o estudo “desde o final da década de 1970, o agronegócio brasileiro vem apresentando ganhos significativos de produtividade, notadamente na produção de grãos. Enquanto a produção brasileira obteve média de crescimento anual de 4,22% ao ano até a safra 2022/23, a área utilizada para o plantio mostrou o mesmo indicador no valor de 1,6%, ou seja, os ganhos de produtividade foram altamente significativos no período e permitiram poupar o uso do fator de produção terra.”

Entretanto existe um enorme campo inexplorado. O professor Jank abriu a palestra perguntando a nós, conselheiros do Cosag, que porcentagem estimamos que o Brasil representa na produção mundial do agronegócio. As respostas variaram e depende mesmo da maneira como se calcula.

De acordo com o relatório elaborado pelo Insper Agro, o Brasil responde por 10,3% da produção, quando se considera apenas commodities agro alimentares. Já pelos dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), que soma todas as tonelagens e as ajusta por um vetor de preços, o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking com 3% da produção mundial em valor.

Quem domina a produção é a China com 25%, seguida de Índia, União Europeia, Estados Unidos, Brasil, Indonésia e Rússia. A próxima pergunta feita por Jank foi quanto o Brasil representa no comércio mundial de produtos agropecuários. De acordo com o estudo, o nosso país representa 8,4% das exportações totais do agronegócio mundial.

O Brasil se destaca dominando a balança comercial agrícola global, é um grande supridor mundial de alimentos quando olhamos produtos específicos, onde dominamos a produção e exportação mundial como a soja, carnes, algodão, milho, café, açúcar, celulose, fumo e suco de laranja. Entretanto, o relatório aponta oportunidades que podemos e devemos aproveitar como produtores e como nação.

Do total mundial exportado, que foi de U$ 1,560 trilhão, existe uma parcela de produtos de maior valor agregado onde o Brasil tem baixíssima relevância. É um mercado de U$ 726 bilhões, onde o Brasil possui um share de apenas 2%, exportando somente US$ 5 bilhões em produtos como laticínios, frutas, alimentos processados, legumes, oleaginosas, cacau, chocolate e pescados, destaca Jank.

O Brasil se destaca dominando a balança comercial agrícola no mundo. Mas, como região, a América Latina como um todo, terá um papel crescente no comércio global. De acordo com o relatório “os incrementos em produtividade do Brasil reforçam o papel da América Latina no contexto de fornecimento de produtos agropecuários. A balança comercial agrícola da região teve o maior saldo positivo do mundo entre 2020 e 2022”

Outro ponto de destaque do Brasil, em comparação a outros países, é a Produtividade total dos Fatores. Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), após a introdução de técnicas como plantio direto, sistemas de integração e segunda safra ao redor dos anos 2000, o Brasil passou a ter o maior crescimento histórico, muito acima da média mundial e de países que o seguem, como Índia, Canadá, Rússia, Estados Unidos, além da União Europeia.

No mundo com população crescente, o Brasil deve se firmar como um fornecedor confiável de alimentos, principalmente nas economias emergentes da Ásia e da África, que não conseguem suprir suas necessidades, apesar de serem grandes produtores. Entretanto, existe grande oportunidade de ocupar mercados, como EUA e Japão, além de expandir mercados de produtos de maior valor agregado. São muitas oportunidades para o Brasil, mas precisamos nos antecipar e estar preparados, buscando estabelecer acordos comerciais, visando expandir nossos mercados e ampliar a abrangência dos produtos exportados.

Por Helen Jacintho | Fonte: Forbes