Ministério da Agricultura quer reduzir emissões de CO2 em 10 milhões de toneladas

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A demanda de energia no Brasil ainda é grande e o cenário mundial, por sua vez, pede ações de proteção ao meio ambiente. Uma das soluções para essas necessidades é o plantio de florestas comerciais, como eucalipto e pinus. A prática está prevista no programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, lançada em junho, em apoio a atividades, tecnologias e sistemas produtivos que contribuem para a preservação do solo, das florestas nativas e que estimulam a redução da emissão de gases de efeito estufa.

Quanto mais difundido, o plantio dessas espécies de árvores aumenta o sequestro de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, pela fotossíntese. A intenção do governo é aumentar a área de florestas, até 2020, de seis milhões de hectares para nove milhões de hectares. Isso permitirá a redução da emissão de oito milhões de toneladas a 10 milhões de toneladas de CO2 equivalentes, no período de 10 anos.

O pesquisador Francisco Bellote, da Embrapa Florestas, ressalta que o Brasil é internacionalmente reconhecido como o maior detentor de tecnologia para esse plantio. “Temos material genético de altíssima qualidade, desenvolvido em quase 50 anos, que garante grande produtividade e controle da tecnologia”, explica.

Bellote acredita que a prática é benéfica não só ao meio ambiente – com o balanço nulo dos gases de efeito estufa – mas também para o bolso do produtor rural. Para ele, o plantio de eucalipto é uma das atividades mais rentáveis no agronegócio, pois supre, por exemplo, as demandas dos setores siderúrgico, com a produção de carvão vegetal, e agrícola, na secagem dos grãos.

No Brasil, o plantio tradicionalmente desenvolvido nas regiões Sul e Sudeste, ainda não está bem difundido em outros estados brasileiros. No Centro-Oeste, segundo o pesquisador, a importância do plantio de florestas comerciais vem crescendo, mas ainda é preciso desenvolver competências locais, por meio de parcerias e pesquisas adaptadas às características da região.

De acordo com Bellote, as regiões Norte e Nordeste têm pouca tradição no método e precisam de um trabalho de base. Para o pesquisador, as chaves seriam o treinamento de mão-de-obra, a transferência de material genético e a inserção da ideia do componente florestal nas áreas de produção. “Quando as pessoas passam a enxergar a floresta também como uma cultura agrícola, o processo desenvolve-se naturalmente”, afirma.

Consultor da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), Marcílio Caron Neto informa que, atualmente, 90% das florestas plantadas no País são ambientalmente corretas, respeitando os princípios da legislação vigente. No contexto do Programa ABC, Caron diz que esse tipo de plantio tem maior poder de captação de dióxido de carbono do que as árvores naturais. “São florestas de alto crescimento, com vida ativa elevada, dentro de seu ciclo econômico, e acabam sendo grandes sequestradoras de CO2”, explica. Ele ressalta também a vantagem de manter as florestas nativas.

De acordo com Caron, é crescente o número de produtores que se aliam às empresas reflorestadoras para adquirir conhecimento sobre o tema. Dessa forma, regularizam suas propriedades perante a legislação ambiental e ainda complementam renda, fornecendo aos parques fabris matéria-prima ambientalmente correta para papel e celulose.

Lançado há dois meses pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011, que institui o programa Agricultura de Baixo Carbono, incentiva produtores que pretendem iniciar ou ampliar o plantio de florestas comerciais. Pelo programa, serão aplicados R$ 2 bilhões a juros de 5,5% ao ano e prazo de pagamento de 12 anos. Também estão inseridos neste programa a recuperação de áreas degradadas de pastagens, o sistema de plantio direto, a fixação biológica de nitrogênio e incentivos a sistemas como o de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

Fonte: MAPA

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