Lavouras de café com safra zero também devem receber controle de doenças

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O controle de doenças no cafeeiro também é importante em lavouras que se encontram com safra zerada por poda.

As condições que influem na evolução e gravidade de uma doença em cafeeiros são ligadas a três grupos de fatores: do agente casual (patógeno), da planta e do clima.

Nas plantas, as condições que afetam a evolução das doenças são, principalmente, a variedade, o espaçamento, o enfolhamento, o estado nutricional e a carga pendente de frutos. Essas condições vão influir na maior ou menor susceptibilidade das plantas e, ainda, na formação de um microclima favorável ou desfavorável ao desenvolvimento da doença.

Os resultados de pesquisas e as observações em lavouras de café comerciais mostram que após a poda de esqueletamento/desponte, para zerar a safra, ocorre, no curto prazo, uma redução do inóculo de doenças do ciclo anterior. Além disso, a poda promove o arejamento do ambiente da lavoura. Porém, com a retomada da brotação das plantas, observa-se que as hastes e folhas novas se mostram mais susceptíveis ao ataque de phoma. Isso se deve a nova vegetação, mais tenra, que apresenta maior relação N/K, devido a mesma não ser exigida pela frutificação, nesse caso, inexistente.

Quanto à ferrugem, a princípio o ataque fica reduzido, pois a carga de frutos é um fator essencial na evolução dessa doença. No entanto, pode-se observar que, na maioria das áreas, a ferrugem volta a evoluir, a nível danoso, obviamente não na mesma gravidade do que se fossem cafeeiros de alta carga.

A evolução significativa da ferrugem nas plantas após a brotação do esqueletamento, quando em comparação a outras plantas, também com carga baixa mas não podadas, está ligada a intensa formação de novos ramos e folhas, o que torna o cafeeiro mais compacto. Assim, o ambiente da folhagem torna-se mais sombrio e úmido, mantendo maior molhamento foliar, que favorece tanto a ferrugem quanto a phoma.

Já no caso da cercosporiose, esta doença fica muito reduzida com o sistema de safra zero, isto no 1º ano após a poda, pois as plantas sem safra não são exigidas e ficam pouco estressadas, e, assim, pouco susceptíveis a essa doença.

Concluiu-se que lavouras de café com safra zerada por poda devem ser protegidas contra doenças, com maiores cuidados com a phoma e a ferrugem – esta com menor gravidade, porém suficiente para causar dano na safra seguinte. No caso de regiões sujeitas à phoma, as lavouras esqueletadas devem receber uma pulverização de inverno e mais duas, na pré e pós florada.

Para a ferrugem, pode-se atrasar o início das aplicações e adotar duas pulverizações em janeiro/fevereiro e março/abril. A aplicação via solo é interessante para favorecer a recomposição do sistema radicular, este reduzido pela poda.


Forte ataque de Phoma em folhas e ramos novos, em cafeeiros com safra zero no Sul de MG – Junho/23


Queda de folhas em cafeeiros pelo ataque de Phoma, em plantas com safra zero


Ataque de ferrugem e Phoma em folhagem de cafeeiros com safra zero – Mogiana Paulista, Maio/23

Por José Braz Matiello, Folha Procafé. Extraído do site Cafepoint