Fundação Procafé faz levantamento para avaliar quebra na safra de café

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A forte seca que atinge as regiões produtoras de café deve provocar quebras nas safras de 2015 e de 2016. Diante desse cenário, o Conselho Nacional de Café (CNC) contratou a Fundação Procafé, de Varginha (MG), para levantar o tamanho real da produção brasileira e os impactos da estiagem nas lavouras.

O levantamento começou no início de janeiro e está sendo feito em todo o Brasil por técnicos da fundação, em parceria com pesquisadores de outras regiões. De lavoura em lavoura, eles observam as floradas, a quantidade de chumbinhos e, principalmente, o número de frutos que brotaram, sobrevivendo a uma das piores secas de todos os tempos.

– As nascentes das propriedades estão secando e isso não é brincadeira, é uma coisa muito séria. Estamos com um déficit astronômico que já vem desde o ano passado. Normalmente, se o solo absorvesse 100 milímetros de água, ele estaria completo. Mas agora, como já veio com déficit, choveu 200 milímetros, mas as nascentes não estão voltando – afirma o presidente da Fundação Procafé, José Edgard Pinto Paiva.

Lavouras – No campo, os pesquisadores querem saber o quanto foi colhido nos últimos dois anos e qual a expectativa para a safra 2015.

– Ainda não temos a nossa pesquisa concluída, mas até o presente momento, quando estamos com 40% dessa pesquisa em andamento, parece que teremos uma safra bem menor em 2015 – diz o pesquisador Alison Fagundes.

Em visita à propriedade de Antônio Vito Arcanjo, em Três Pontas (MG), os técnicos encontraram problemas decorrentes da seca. No último ano, o produtor colheu 80 sacas por hectare, e esperava manter os números em 2015. Mas a estiagem trouxe a previsão de apenas 10 sacas de café por hectare. As chuvas deste começo de ano não foram suficientes para a lavoura.

– Já não tinha mais jeito, porque tinha que ter chovido em setembro para dar uma produção boa – afirma o produtor rural.

Além de prejudicar a florada, o clima também facilita a proliferação das pragas como o bicho mineiro e a broca, gerando mais gastos com defensivos. Na propriedade de Francisco Miranda, também em Três Pontas, os pés de café estão mais cheios, mas é só balançar os galhos para perceber que a planta também sofreu com a falta de chuva. Para evitar o pior, o produtor irrigou o local e há anos reforça a adubação, mas nem assim os chumbinhos deixam de cair.

– Eu tenho 20 anos de manejo de mato com roçada ecológica. Você vê a camada de matéria orgânica que a gente tem aqui no solo é grande. Só que não faz milagre. Sem chover, nem isso aqui aguentou – afirma Miranda.

Em 2014, o produtor colheu 27 sacas de café por hectare. A esperança é que chova em fevereiro e março para que ele consiga alcançar 30 sacas neste ano.

Reajuste do preço mínimo – Com a pesquisa, o CNC espera que o governo atenda a reivindicação pelo reajuste do preço mínimo. A ideia é que ninguém saia no prejuízo – nem o produtor, nem o consumidor. Para comprovar a produtividade da safra, deve ser feito um novo estudo mais adiante.

Para não haver especulação de preços, a Fundação Procafé não adianta números da pesquisa, que devem ser conhecidos apenas no final de fevereiro. Os produtores aguardam um valor melhor para, pelo menos, cobrir os custos.

– A gente está com três anos de prejuízo. Eu não consigo ficar na atividade colhendo menos café durante três anos e vendendo aquém do meu custo, que foi nas alturas porque minha produtividade despencou – afirma o produtor Francisco Miranda. 

Fonte: Canal Rural (Beatriz Bucciano)

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