FOLHA TÉCNICA: resistência à ferrugem também é importante em cafeeiros robustas

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O desenvolvimento de variedades clonais com resistência à ferrugem, em cafeeiros robusta/conillon, deve ter maior importância, da mesma forma como tem tido os trabalhos realizados para cafeeiros arábicas.
A ferrugem é a principal doença do cafeeiro, devido às elevadas perdas que causa na produtividade das lavouras e pela sua ampla distribuição no parque cafeeiro, ocorrendo em todas as regiões e propriedades. O controle da doença pode ser feito através do uso de fungicidas (controle químico) ou mediante o uso de variedades resistentes (controle genético).

No melhoramento genético do cafeeiro, buscando variedades resistentes à ferrugem, as pesquisas focaram a incorporação da resistência em cafeeiros arábica, muitas vezes usando fontes do próprio robusta, de Coffea  canephora. Assim foi ao longo de muitos anos, nos trabalhos a nível do CIFC-Portugal e no Brasil, tendo como exemplo os materiais oriundos de catimores, sarchimores e icatus.  Esse direcionamento se deveu, em parte, pela maior participação de variedades arábicas no parque cafeeiro. Em outra parte, porque as variedades de café robusta/conillon se mostravam, inicialmente, menos afetadas pela ferrugem.

Na cafeicultura brasileira, voltada ao café robusta, a variedade amplamente dominante é a conillon. Só ultimamente estão sendo plantados clones da variedade robusta. A variedade conillon é considerada como pertencente ao grupo fisiológico E, susceptível à grande maioria das raças de ferrugem. No entanto, desde a década de 1970, os Técnicos do ex-IBC verificaram que os cafeeiros conillon possuem diferentes níveis de resistência nas plantas das lavouras. Existem plantas bem susceptíveis e em menor escala plantas tolerantes, onde a infecção pela ferrugem se mantém baixa e, ainda, se observa um número bem pequeno de plantas que se mostram imunes à doença.

Com o desenvolvimento da tecnologia de mudas clonais de cafeeiros robusta, a partir dos trabalhos pioneiros realizados na Fda Experimental de Marilandia-ES, no início da década de 1980, por técnicos do IBC da época, ficou mais fácil multiplicar plantas de conillon resistentes, selecionadas nas lavouras. Como na variedade robusta existem mais exemplos de resistência à ferrugem, o ideal é também aproveitar híbridos entre conillon e robusta, para compor clones resistentes e, ao mesmo tempo, com boas características agronômicas. O uso de clones de robustas puros traz as desvantagens de menor rendimento nos frutos, na relação café coco/beneficiado, pelo fato dos frutos de robusta apresentarem mais mucilagem e, ainda, a menor tolerância à seca observada nos robustas, em relação ao conillon.

Os clones de robusta-conillon disponíveis comercialmente, seja os desenvolvidos por Instituições de Pesquisa, seja os de origem privada (de produtores ou viveiristas), em sua quase totalidade, não focaram em resistência à ferrugem. A seleção se baseou em produtividade, em maturação dos frutos, em tamanho de grãos etc. A Fundação Procafé, com base no trabalho de Técnicos do ex-IBC, lançou e registrou uma variedade clonal com alta resistência á doença. Essa variedade recebeu o nome e foi registrada no MAPA como Colatina PR6, sendo composta de 6 sub-clones, oriundos de plantas matrizes imunes à ferrugem.

A necessidade de disponibilizar clones de robusta-conillon resistentes à ferrugem se deve a que a ferrugem tem se mostrado, ultimamente, mais prejudicial nessas variedades de cafeeiros, devido a – espaçamentos mais adensados nas novas plantações e condução de várias hastes/planta; o uso de irrigação; e uma maior produtividade das lavouras – todos fatores que facilitam o ataque da doença. Além disso, o controle químico é dificultado, pois como as lavouras fecham rapidamente, fica difícil pulverizar. Por sua vez, o tratamento exclusivo com produtos via solo, de uso mais fácil, tem tido pouca eficiência.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello e S.R de Almeida – Engs Agrs Fundação Procafé e Adelso J. Paulino – Eng Agr Ex-IBC)