FOLHA TÉCNICA: Grandes avanços na cafeicultura brasileira

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A cafeicultura brasileira é líder, a nível mundial, em produção e em produtividade, com safras anuais na faixa de 60 milhões de sacas e produtividade média de 28-30 scs/ha. Sua evolução, nos últimos 60 anos, se deu em 3 fases – A 1ª onde houve um processo de redução das safras, com erradicação e diversificação de cafezais, no período de 1961 a 67; Na 2ª a fase foi de recuperação/aumento de safras e modernização do parque cafeeiro, com renovação e revigoramento de cafezais, de 1970-81 e a 3ª- a fase atual, onde, após à renovação e formação da base de lavouras mais racionais e modernas, houve a expansão e consolidação de uma cafeicultura apoiada em maior uso de tecnologia.

A cafeicultura brasileira evoluiu em ciclos, com períodos ou fases de expansão no plantio e na produção de café e de retração, com abandonos de lavouras e redução nas safras. Os principais indicadores dessas fases foram – o parque cafeeiro, a produção e os estoques de café, sendo o preço o fator que influí, decisivamente, constituindo a “mola”, da ampliação ou redução da atividade cafeeira

A renovação de cafezais e a consolidação atual da nova cafeicultura, incorporaram importantes avanços tecnológicos, na lavoura cafeeira no Brasil. São destacados grupos de tecnologias, em 9 setores mais importantes

1-Abertura de novas áreas cafeeiras – os novos cafezais foram implantados em zonas climaticamente adequadas, para as espécies arabica ou canephora. Pode-se destacar o aproveitamento dos cerrados -cerca de 700 mil ha e safras anuais de 20-25 milhões de sacas/ano e outras novas áreas – no Planalto e Chapada Diamantina na Bahia, micro-climas no Ceará e Pernambuco, o Jequitinhonha e o Norte de Minas, e as áreas altas do Espirito Santo, da Zona da Mata de Minas e do estado do Rio de Janeiro.(fig 1)

2-Novos espaçamentos e sistemas de plantio – o espaçamento tradicional – da época, de 3-4 x 3-4 m, com 4 mudas por cova, com apenas 650- 800 cvs por hectare evoluiu para o plantio em renque, aberto ou adensado, com mais de 5000 pl/ha.(fig 2).

3-Variedades novas – As variedades de café da década de 1960 eram o Bourbon, Caturra e Sumatra e algo de Typica/crioulo e muito pouco de Mundo-Novo. A partir de 1970, a renovação promovida, com apoio no crédito e AT, condicionou o plantio apenas das variedades mais indicadas na época – a Catuai e a Mundo-novo. Assim, houve extraordinária troca de variedades, com plantio de 2 bilhões de cafeeiros, de variedades melhoradas, em apenas 9 anos. Após constatação da ferrugem, em 1970, muitas novas cultivares, com resistência e boa produtividade forma desenvolvidas, as quais vem substituindo, com vantagens, a Mundo Novo e a Catuai.

4-Correção do solo e nutrição – A adubação em cafezais -era uma prática pouco usada até inicio da década de 1970. Calcário nem falar. Com a necessidade de uso de terras empobrecidas, pelo uso anterior e por áreas naturalmente inférteis(cerrados) e as zonas de altitude elevada, com solos ácidos e fracos, foi preciso desenvolver o manejo com correções e adubações

5-Mecanização dos tratos e da colheita – A mecanização dos tratos e da colheita do café evoluiu muito- diferencial vantajoso da cafeicultura brasileira. Atualmente pode-se plantar, controlar o mato, adubar, pulverizar, arruar/esparramar, subsolar e, finalmente, colher e preparar o café de forma mecanizada, com redução significativa no custo de produção.

6-Podas e sistema safra zero – A prática de podas em cafezais era muito pouco usada no passado. Atualmente a poda do tipo esqueletamento ou desponte tem tido larga aceitação pelos cafeicultores, com bons resultados, em termos de produtividade adequada, combinada com facilidades e redução de custos

7-Irrigação – A irrigação não era usada na cafeicultura brasileira, até as décadas de 1970 e 80. Atualmente o maior problema climático nas lavouras de café tem sido as secas. A área de café irrigada cresceu muito, abrangendo cerca de 400 mil ha e a tendência é de ampliação.(fig 3).

8-Colheita, preparo e qualidade – A qualidade dos cafés ficava em segundo plano, no passado. Com a evolução, surgiram os cafés especiais. O slogan “Café do Brasil” virou “Cafés do Brasil”. Essa melhoria de qualidade permite melhor remuneração ao produtor e maior entrada de divisas. Estima-se em 5-7 milhões de sacas/ano, os cafés com melhor qualidade são exportados, com preços mais elevados.

9-Mudas clonais – Na formação de lavouras de café da espécie Coffea canephora, var. Conillon ou robusta ou, mesmo, de híbridos de gerações iniciais é muito importante usar mudas clonais, por estacas ou mini-estacas, ou pedações de folhas, por embriogênese somática, possibilitando grandes ganhos em produtividade nas lavouras.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello e J.E. P. Paiva – Engs Agrs Fundação Procafé)