FOLHA TÉCNICA: Diferencial de extração de nutrientes, em cafeeiros com carga baixa e alta, na região da Mogiana – SP

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O fornecimento de nutrientes, através da adubação, em cafeeiros, considera, principalmente, a extração que ocorre pelas plantas, visando suprir a necessidade, para a vegetação mais a produção de frutos. Com o ciclo bienal de produção, com alternância, das plantas e das lavouras, a cada ano, de carga baixa e alta de frutos, a necessidade nutricional pode variar em função da condição produtiva, a cada ano.

Alguns trabalhos de pesquisa foram efetuados, para determinar as exigências de nutrientes pelos cafeeiros, com base na extração observada. Através deles existe a indicação da necessidade, por saca, de 6,2 Kg de N, 0,6 kg de P2O5 e 5,9 kg de K2O. Foi realizado um estudo, em 2020/21, com o objetivo de verificar o conteúdo de nutrientes em plantas, da mesma lavoura, que apresentavam diferenciais produtivos, alto e baixo, mesmo estando lado a lado. O trabalho foi conduzido na Fda Experimental de Franca-SP, em lavoura Catuai, no  espaçamento de 3,5 x 0,5 m, na 5ª safra,  com plantas em 2 níveis produtivos, com carga alta (85  scs /ha)  e carga mais baixa (33 scs/ha). Essas plantas foram tomadas e nelas foram coletadas, separadamente – folhas, ramos de crescimento do ano e os frutos. O material foi pesado, seco e analisado, quanto aos teores de nutrientes nele contidos.

Os resultados sobre o peso das partes das plantas e os teores de nutrientes, macro e micro, encontrados na análise química dessas partes, nas plantas com carga baixa e alta, estão colocados nas tabelas 1 e 2. Com relação ao peso verifica-se que as plantas com carga baixa tiveram maiores quantidades de folhas e ramos (parte vegetativa), enquanto os de carga alta tiveram mais peso na parte relativa aos frutos (parte produtiva). Quanto aos níveis de nutrientes verificou-se que nas folhas os níveis de N, P, K foram maiores nos cafeeiros com carga baixa, devido a que, nas plantas com carga alta, houve carreamento desses nutrientes, para uma maior quantidade de frutos. Na comparação entre as diferentes partes das plantas verifica-se que os frutos são, no geral, mais pobres em nutrientes do que as folhas.

Na tabela 3 estão colocados os dados de nutrientes extraídos pelas plantas, para vegetação e produção, agora por hectare. Os cálculos consideraram os valores de matéria seca de cada planta, a população de plantas por hectare (5700) e os nutrientes encontrados na análise das partes. Verifica-se que os cafeeiros de carga mais baixa têm maiores exigências nutricionais para a vegetação (fls e ramos), enquanto nos de carga alta a maior exigência ocorre para a produção(frutos). As exigências totais (veget + produção) não crescem proporcionalmente com a produção, visto que, nos cafeeiros com carga mais alta a vegetação do ano fica reduzida e os níveis de nutrientes em suas partes, principalmente o N e o K, se mostram em menores níveis.  Efetuou-se, também, o cálculo da necessidade nutricional para cada saca produzida.

O trabalho permitiu observar que – 1- A extração de nutrientes por cafeeiros de safra baixa e alta é diferenciada, exigindo adubações também diferenciadas. 2- Nos anos de safra mais baixa a maior necessidade é para vegetação e nos cafeeiros com safra alta essa necessidade maior é para frutificação. 3- Nas exigências em NK, nutrientes requeridos em maior quantidade, a necessidade de N é cerca de 20% maior nas plantas com safra baixa e naqueles de safra alta a proporção, entre estes dois nutrientes, é semelhante. 4- Os níveis de nutrientes necessários para cada saca produzida foram maiores nas plantas de safra baixa e na média dos 2 tipos de plantas, com carga baixa e alta, foram  de 6,8-0.3- 6,2, semelhantes aos que vêm sendo considerados para NK  nas recomendações atuais (6,2-0,6-5,9), com exceção da exigência em P, que foi determinada como metade dessa indicação.

Por .B. Matiello, Marcelo Jordão Filho, Lucas Ubiali e Leandro Andrade – Engs. Agrs. Fundação Procafé e Eduardo Lima e Gabriel Devoz, Engs Agrs Bolsistas da Fundação Procafé  FEF

Fonte: Fundação Procafé