FOLHA TÉCNICA: Cafeeiros Siriema mostram resistência à seca e diminuem infestação de Bicho Mineiro

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Observações feitas em campo mostram que cafeeiros do material genético de Siriema possuem maior tolerância a períodos de seca e, ainda, quando em plantios junto a outros cafeeiros, não resistentes ao bicho mineiro, também reduzem a infestação nessas plantas.

O material genético de cafeeiros denominado Siriema é o resultado, em gerações avançadas, do cruzamento entre plantas da espécie C. arabica e C. racemosa. Ele vem sendo desenvolvido para incorporar resistência ao bicho mineiro, oriunda da espécie racemosa, às plantas de café de variedades arábica, estas responsáveis pela maior produtividade e pela melhor qualidade dos frutos.

O material hibrido original, entre as duas espécies, foi, no início do trabalho, novamente cruzado, com material de Catimor, para dar origem a plantas de porte baixo e incorporar, também, resistência à ferrugem. Desse novo material, chamado de Siriema, já foram derivadas 7 gerações, sendo os trabalhos de desenvolvimento concentrados mais na cafeicultura de cerrado, onde existe forte pressão de ataque do bicho mineiro.

No desenvolvimento de cultivares de cafeeiros Siriema tem havido dificuldades na reprodução por sementes, pois existe, na maioria dos casos, segregação para a característica de resistência ao bicho mineiro e, também, é necessário contar com plantas de boa produtividade. A cultivar Siriema AS1 apresenta homozigose para resistência. Em outros materiais a reprodução por sementes resulta em 50-70% de plantas resistentes. Alguns materiais vêm sendo reproduzidos vegetativamente, como clones.

Em visita a alguns campos de cafeeiros do material de Siriema, feita recentemente (junho/2022), nas áreas de Coromandel e Rio Paranaiba, foram observados dois novos aspectos das plantas desse material. O primeiro em um campo em Coromandel, onde verificou-se que as plantas não resistentes, entre as plantas resistentes ao bicho mineiro, tinham uma infestação da praga bem menor do que as plantas de outros materiais susceptíveis, plantados em linhas ao lado. Isso indica que as plantas resistentes funcionam como armadilhas. Como as larvas, oriundas da oviposição, não se desenvolvem nas folhas dessas plantas resistentes, elas ficam “limpas” da praga e, assim, as mariposas preferem as mesmas para colocarem seus ovos. Deste modo, parece possível ter lotes de lavouras com material não totalmente resistente.

O segundo aspecto, já observado no passado, sobre a característica do material de Siriema, no geral, se mostrar mais tolerante a stress hídrico, foi, agora, bem registrado, em um pequeno lote da cultivar Siriema AS1, no campo de experimento da COOPADAP. Ele estava plantado em uma linha, ao lado de várias outras cultivares de arábica. Verificou-se que as plantas do AS1 se mostravam com folhagem verde escura, bem túrgida e sem sinais de estarem sentindo a seca. Já, as linhas vizinhas, de outros materiais normais de arábica, se apresentavam com plantas com grande numero de folhas velhas amareladas, algumas murchas, sentindo bastante o período seco. Examinando os dados de chuva na área verificou-se que já se passavam 80 dias sem qualquer precipitação pluviométrica, sendo que, de março a junho de 2022, em quase 4 meses, choveu apenas um total de 75 mm. As observações feitas parecem indicar que o material com características mais próximas ao racemosa se mostra mais tolerante à estiagem.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello, Lucas Bartelega e S. R. Almeida – Engs Agrs Fundação Procafé e Mauricio B. da Silva-  Eng Agr MAPA e Diego B. Rocha  – Tec Agr COOPADAP)