Exportação de café do Brasil cai 3,2% em outubro; receita sobe 30,5%, diz Cecafé

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Os embarques brasileiros de café somaram 3,471 milhões de sacas de 60 kg em outubro, apresentando queda de 3,2% em relação aos 3,587 milhões apurados no mesmo mês de 2021. Em receita cambial, o resultado apresentou crescimento de 30,5% na mesma comparação, com os valores recebidos pelo país saltando de US$ 653,4 milhões para os atuais US$ 852,5 milhões, maior nível desde 2011. Os dados são do relatório mensal estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

No acumulado dos quatro primeiros meses da safra 2022/23, o desempenho é similar, com as remessas ao exterior recuando 2,2% e a receita cambial avançando 44,1% frente ao mesmo intervalo do ciclo cafeeiro antecedente. De julho ao final de outubro deste ano, o Brasil exportou 12,288 milhões de sacas, que renderam US$ 2,948 bilhões ao país, recorde histórico para o intervalo.

ANO CIVIL
Segundo os dados do Cecafé, a performance dos embarques também é parecida no acumulado do ano civil. Entre janeiro e outubro, foram enviadas 32,294 milhões de sacas ao exterior, o que implica declínio de 3,6% ante os 33,514 milhões registrados nos 10 primeiros meses de 2021. A receita, por sua vez, cresceu 56,8%, chegando a US$ 7,605 bilhões até o fim do mês passado, valor recorde no período.

De acordo com o presidente da entidade, Günter Häusler, o cenário segue similar ao observado nos últimos meses, o que justifica o desempenho aferido em outubro, no ano safra e no acumulado de 2022.

“Houve pequeno avanço, mas sem mudanças significativas no mercado exportador global, que segue com menor disponibilidade de contêineres, navios congestionados em portos do Hemisfério Norte, principalmente EUA e Europa, dificuldades para obtenção de bookings, rolagens de cargas e custos muito altos, o que atrapalha o trabalho dos exportadores. Além disso, há maior demanda da indústria nacional pelos cafés canéforas, limitando o embarque dessa variedade”, comenta.

Já o crescimento em receita, que é recorde histórico até o momento, conforme Häusler, “resulta da taxa de câmbio favorável e dos atuais níveis das cotações do café no mercado, que, apesar de quedas recentes, seguem elevados”. Como exemplo, o preço médio das exportações brasileiras no acumulado de 2022 é de US$ 235,49 por saca, o que implica incremento de 62,7% na comparação com os US$ 144,73 por saca apurados entre janeiro e o fim de outubro do ano passado.

PRINCIPAIS DESTINOS
Apesar da queda registrada no volume geral embarcado nos 10 primeiros meses de 2022, com exceção ao Japão, os demais principais parceiros comerciais dos cafés do Brasil seguem ampliando suas aquisições. Entre janeiro e outubro, os Estados Unidos permanecem na liderança do ranking, com a importação de 6,598 milhões de sacas (20,4% do total), volume 1,4% maior do que os 6,509 milhões comprados no mesmo intervalo de 2021.

Completando a lista dos cinco primeiros destinos, vêm Alemanha, com a aquisição de 5,744 milhões de sacas (+4,5%); Itália, com 2,760 milhões (+15,5%); Bélgica, com 2,480 milhões de sacas (+9,0%); e Japão, com a importação de 1,533 milhão de sacas (-26,1%).

Também merece destaque a performance dos embarques para a Colômbia e à Holanda, que cresceram 44,4% e 78,5%, respectivamente. Com a compra de 1,382 milhão de sacas, os colombianos ocupam a sexta posição no ranking, enquanto os holandeses figuram na nona posição, importando 751.917 sacas dos cafés brasileiros de janeiro ao fim de outubro.

TIPOS DE CAFÉ
O café arábica segue como o mais exportado no acumulado de 2022, com a remessa de 27,803 milhões de sacas ao exterior, ou 86,1% do total. O café solúvel registrou o embarque equivalente a 3,118 milhões de sacas, respondendo por 9,7%. Na sequência, aparecem a variedade canéfora (robusta + conilon), com a exportação de 1,333 milhão de sacas (4,1%), e o produto torrado e torrado e moído, com 39.554 sacas (0,1%).

CAFÉS DIFERENCIADOS
Os cafés diferenciados, que possuem qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis, responderam por 17,7% das exportações totais brasileiras do produto entre janeiro e outubro de 2022, com a remessa de 5,732 milhões de sacas ao exterior. Esse volume representa queda de 6,3% na comparação com os 6,116 milhões de sacas embarcados pelo país no mesmo período do ano antecedente.

O preço médio do produto diferenciado ficou em US$ 283,49 por saca, proporcionando uma receita de US$ 1,625 bilhão nos 10 meses, o que corresponde a 21,4% do obtido com os embarques totais. No comparativo anual, o valor é 38,7% maior do que o apurado no mesmo intervalo anterior.

No ranking dos principais destinos dos cafés diferenciados de janeiro a outubro deste ano, os Estados Unidos estão na ponta, com a importação de 1,350 milhão de sacas, o equivalente a 23,5% do total desse tipo de produto exportado. Na sequência, vêm Alemanha, com 1,009 milhão de sacas e representatividade de 17,6%; Bélgica, com 719.732 sacas (12,6%); Itália, com 363.258 sacas (6,3%); e Japão, com 274.735 sacas (4,8%).

PORTOS
A principal fonte de remessa dos cafés do Brasil em 2022 é o complexo marítimo de Santos (SP), com o envio de 26,168 milhões de sacas ao exterior, o que equivale a 81,0% do total. Os portos do Rio de Janeiro aparecem na sequência, com o envio de 4,680 milhões de sacas, de janeiro a outubro, e representatividade de 14,5%. Paranaguá (PR), com o embarque de 299.172 sacas (0,9%), fecha o top3.

O relatório completo das exportações dos cafés do Brasil está disponível no site do Cecafé: https://www.cecafe.com.br/.

SOBRE O CECAFÉ
Fundado em 1999, o Cecafé representa e promove ativamente o desenvolvimento do setor exportador de café no âmbito nacional e internacional. A entidade oferece suporte às operações do segmento por meio do intercâmbio de inteligência de dados, ações estratégicas e jurídicas, além de projetos de cidadania e responsabilidade socioambiental. Atualmente, possui 118 associados, entre exportadores de café, produtores, associações e cooperativas no Brasil, correspondendo a 96% dos agentes desse mercado no país.

Fonte: Gestão de Comunicação do Cecafé e foto de Ricardo Botelho/MInfra