Estocar frutos maduros em água ajuda manejo de cafés especiais

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A técnica desenvolvida pela Embrapa Café é destinada especialmente aos pequenos cafeicultores

Produtores de cafés especiais podem estocar em água os frutos de café maduros por até cinco dias consecutivos, com o objetivo de aumentar o volume dos lotes, além de facilitar e reduzir o trabalho na secagem do produto. É o que atesta a Embrapa Café.

Em um novo experimento realizado por meio do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela entidade, detectou-se que esta forma de manejo é eficiente, em especial, a pequenos cafeicultores, que possuem menor espaço de plantio e pequena mão de obra.

Depois de muitos testes, a entidade divulgou um comunicado técnico, no qual apresenta o principal resultado do experimento: os frutos maduros em água não afetam o aroma e o sabor do café. A qualidade do café fica ‘protegida’.

A Embrapa indica que não é necessário fazer a troca de água diariamente, como falava o estudo anterior, realizado pela entidade em 2005.

“O cafeicultor pode, por exemplo, estocar em água os frutos maduros colhidos de segunda a sexta-feira e no sábado descascar ou não os frutos, formando apenas um lote para ser submetido à secagem no terreiro, o que facilita e reduz o trabalho”, explica o pesquisador e líder do projeto na Embrapa Café, Sammy Soares.

Por se tratar da produção de cafés especiais, natural ou cereja descascado, não se deve juntar lotes, em que as secagens foram iniciadas em dias diferentes.

A recomendação é que os frutos maduros colhidos a cada dia de trabalho devem ser secados em lotes separados.

Com isso, processa-se reduzido volume de frutos, formando pequenos lotes. A estocagem em água dos cafés colhidos ao longo da semana aumenta o volume de frutos que irão para a secagem, o que facilita o manejo durante essa etapa.

Outros benefícios
Além disso, a água utilizada na estocagem fica enriquecida com vários nutrientes vindos do café e pode ser aproveitada na adubação de frutas, hortaliças e outras culturas na propriedade, sem ser necessário seu descarte.

O manejo facilita, ainda, a seleção dos frutos de café, etapa muito importante para a produção de cafés especiais. “O processamento possibilita remover muitos defeitos e formar lotes com café de melhor qualidade, valorizando o produto”, explica, em nota, o líder do projeto.

Na lavagem a facilidade de separação acontece porque várias impurezas e o café “boia”- que é o fruto que secou ainda no cafeeiro – flutuam na água e são removidos, enquanto os frutos verdes e maduros afundam.

“A separação manual dos frutos maduros estocados em água pode ser feita em local protegido e em condições de trabalho mais confortáveis, com maior rendimento que a colheita seletiva realizada no campo”, avalia o pesquisador.

Por Globo Rural — São Paulo

Foto: Embrapa/Aldemar Polonini