Escassez de café robusta estimula envios do Brasil para Londres

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(Bloomberg) – As exportadoras brasileiras estão correndo para enviar café robusta para a Europa, em meio a uma escassez global que impulsiona a alta das cotações em Londres.

As tradings começaram a embarcar cargas de robusta, variedade usada nos cafés solúveis, para armazéns europeus, segundo pessoas a par dos negócios, que pediram para não serem identificadas porque a informação não é pública. Isso permitirá que entreguem o café aos compradores de futuros em Londres.

A escassez global fez com que os preços do robusta subissem para perto do nível mais alto em 15 anos, e o prêmio dos contratos futuros de setembro sobre os de novembro atingiu um recorde. Os estoques que lastreiam os contratos encolheram mais de 30% desde julho, com operadores recorrendo à ICE Futures Europe para atender à demanda.

Robusta futures spread signals tight supplies | Bean shortage sent September contract to a huge premium over November – © Bloomberg

“A procura tem sido gigantesca”, disse Tiago Aouila, gerente da Tristão Companhia de Comércio Exterior, uma exportadora com sede no Espírito Santo, maior estado produtor de robusta do país.

O Brasil exportou cerca de 475.000 sacas de café robusta em julho, mais do que o dobro do volume enviado no mês anterior, segundo dados preliminares do Cecafé.

Embora o Cecafé ainda não tenha divulgado para onde os grãos estão sendo embarcados, Carlos Santana Júnior, diretor comercial da trading Ecom, diz que parte do café já embarcado nos navios em julho será entregue na bolsa de Londres.

Os embarques devem continuar subindo até agosto, acrescentou.

Atualmente, comprar grãos de café através da bolsa de Londres é mais barato do que no mercado físico. Na semana passada, o café do maior produtor de robusta, o Vietnã, era negociado com prêmio de US$ 460 a tonelada sobre a cotação no mercado futuro. Os grãos do terceiro maior produtor, a Indonésia, saiam com prêmio de US$ 585 a tonelada, de acordo com relatório da Volcafe. O Brasil é o segundo maior produtor mundial de robusta, também chamado de café conilon.

Enquanto os suprimentos globais tem diminuído, o consumo aumentou. Os europeus estão bebendo cada vez mais robusta, que custa menos que o café arábica, de sabor mais suave.

Conhecido por seu gosto amargo, o robusta ganhou terreno à medida que a inflação reduziu o poder aquisitivo dos consumidores. Dados compilados pelo Rabobank mostram que o robusta agora representa 36% das importações de café do Reino Unido e da União Europeia, ante 31% do ano anterior.

Guilherme Morya, analista do Rabobank, espera que o Brasil exporte quase 3 milhões de sacas de café robusta em 2023, quase o dobro do ano passado.

“O Brasil dará sua contribuição para abastecer o mundo”, afirmou.

Por ©2023 Bloomberg L.P.
História por Dayanne Sousa e Isis Almeida