Dia Internacional do Café: No mundo, cultura é responsável pela geração de renda em mais de 20 milhões de famílias

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OIC lança campanha para tornar a cadeia de abastecimento mais segura para o profissional do campo

No mundo, o café só perde para água e por ser uma bebida tão tradicional, uma das principais commodities da balança comercial brasileira tem mais de um dia para chamar de seu.

Neste domingo, 1º de outubro, comemorou-se o Dia Internacional do Café e além das mudanças climáticas, os desafios no campo, reconhecimento do produtor e tudo que envolve a cafeicultura mundial, a Organização Internacional do Café (OIC) lançou uma campanha para unir força no setor cafeeiro mundial com o objetivo do café se tornar uma cadeia de abastecimento com mais segurança para o profissional do campo.

Em números, os dados da OIC mostram que o café é atualmente produzido em mais de 50 países localizados na América Latina, África e Ásia. O que representa que entre 20 e 25 milhões de famílias têm a fonte de renda proveniente da cafeicultura.

Chama atenção ainda a participação feminina na cadeia mundial do café, atualmente representada 70% da força de trabalho no setor. “Reconhecer a divisão do trabalho numa perspectiva de género é o primeiro passo na promoção de locais de trabalho mais seguros e saudáveis”, afirma a campanha.

A campanha da OIC é enfática quanto às necessidades de segurança para o trabalhador do campo, destacando que em qualquer área de atuação da cadeia, é imprescindível que o trabalhador tenha direito a um ambiente de trabalho seguro e saudável.

“Para encontrar soluções, temos de tomar medidas coletivas e encetar o diálogo social. Juntos, podemos construir alianças sem precedentes e fornecer soluções duradouras para a segurança e a saúde dos trabalhadores do café”, complementa.

A ação coletiva da OIC tem como ponto de partida uma ação nas mídias sociais com a #CoffeePeople, com o foco de atingir todas as pontas da cadeia: desde o campo até à xícara. O primeiro passo é a união nas redes, mas a Organização acrescenta que é importante que os governos dos países produtores e consumidores, organizações internacionais, parceiros de desenvolvimento da cadeia de abastecimento, cafeicultores e também o setor privado estejam atentos para que todos andem na mesma direção.

“Todos os trabalhadores merecem desfrutar de condições de trabalho dignas e seguras. Isto implica, no mínimo, regras de horário de trabalho, pagamento adequado de salários e monitorização eficaz da saúde e segurança no trabalho (…). Orgulho-me de que hoje, juntos com a OIT, a OIC está empenhada em liderar e modelar um local de trabalho cafeeiro melhor para enfrentar todos os desafios. Promover o respeito pelos direitos trabalhistas internacionais e ajudar as principais partes interessadas a se comprometerem com a defesa desses direitos é essencial para alcançar o crescimento inclusivo, fortalecer a estabilidade e a sustentabilidade do setor cafeeiro e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores”, destaca Vanúsia Nogueira, diretora executiva da OIC.

NO BRASIL: Segurança no campo, com sustentabilidade, segurança financeira e qualidade na xícara

No Brasil, estamos observando nos últimos anos que diante dos impasses climáticos, dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19 e até mesmo a guerra entre Rússia e Ucrânia, o setor tenta conversar entre si, de ponta a ponta na cadeia, para garantir segurança em todos os elos.

“A integração da cadeia do café sempre foi um grande desafio, pela extensão dos elos componentes desde a produção até a xícara. Temos no momento fatores decisivos como o aumento dos custos de produção, os desafios climáticos e as novas exigências da União Europeia para importação, que exigem que está integração seja acelerada, o que demanda liderança, coordenação de cadeia e alinhamento entre os atores componentes”, afirma Juliano Tarabal – diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro.

O café do Brasil chega anualmente há mais de 120 países, de acordo com o Conselho Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Para Marcos Matos, diretor executivo do Cecafé, o Brasil enquanto maior produtor e exportador de café do mundo avançou nos últimos anos em parceria com outras origens produtoras, em contato com os grandes compradores, mas ainda há muito espaço para diálogo e negócios, sobretudo pautados na sustentabilidade.

“O Brasil tem compromisso de investir sempre no avanço da sustentabilidade em todos os pilares, ambiental, social e econômico, pensando sempre no valor justo e nas condições mais adequadas em termos de segurança de trabalho e preservação ambiental, sempre conectando campo e cidade com o café na mesa do consumidor”, afirma.

Marcos ressalta ainda que trata-se de um produto com peso afetivo significativo para o consumidor, e por isso, estar atento ao que esse público está demandando é crucial para manter o Brasil na vanguarda do mercado.

“O Brasil como maior produtor e segundo maior consumidor está comprometido em assegurar um produto com qualidade, sustentabilidade nas suas 35 regiões produtoras. O Brasil está preparado para atender as novas regras e todas as discussões. O Brasil está comprometido e busca sempre colaborar junto a OIC no fortalecimento do OIC, sustentabilidade e fluxo do comercio em tempos ESG”, complementa.

Flores anormais abertas. Abortamento de 85%
Para a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o dia 1º de outubro é especial e merece ser comemorado. Vale ressaltar que os dados oficiais da ABIC comprovam que a bebida está em 98% dos lares do Brasil.

“O café anima, o café reúne, o café faz bem para a saúde. E a ABIC se sente orgulhosa de ter colaborado com a transformação do nosso café. Nosso país tem o desafio enorme de elevar o valor atribuído ao café que aqui nós temos para todo mundo, esse papel é um desafio que a ABIC tem para os próximos 50 anos”, afirma Pavel Cardoso – presidente da ABIC. A entidade está completando 50 anos em 2023 e foi a grande responsável pela elevação da qualidade do tradicional café presente na rotina de todas as famílias no Brasil.

José Marcos Magalhães, presidente da Minasul, destaca o avanço que as commodities brasileira registrou em termos de produtividade nos últimos anos, resultado de tecnologia de ponta aplicada pelo produtor no campo e que é reflexo das grandes parcerias comerciais, inclusive com o café.

“O agro promove uma fundamental ligação entre a natureza e as pessoas, não somente em alimento, mas também em fibras, bioenergia e o que induz a uma grande vantagem competitiva do Brasil. As nossas condições, comparadas as outras nações, nos trazer uma grande vantagem”, complementa.

O presidente ressalta ainda que a responsabilidade de ser uma grande fornecimento de alimentos, acaba trazendo ao Brasil esse clamor por segurança ambiental, política, monetária. “Isso para que todos possam trabalham e produzir em paz e com tranquilidade”, afirma.

Para Simão Pedro de Lima, diretor superintendente da Expocacer, o Brasil está mais do que preparado para ser exemplo quando o assunto é segurança na cadeia cafeeira. Primeiro, com as certificações dos cafés do Brasil, que garantem segurança e qualidade ao consumidor final e também no que se refere à asseguridade social e ambiental.

“O Brasil pode dar exemplo nisso. Temos a legislação ambiental mais rigida do mundo e o produtor segue essas regras ambientais. E a questão se asseguridade social vem as relações de trabalho, e o Brasil também é exemplo em termos de legislação trabalhista. O Brasil pode dar exemplo ao mundo em relação a esses dois elementos”, complementa.

Por: Virgínia Alves | Fonte: Notícias Agrícolas