Com Brasil mais competitivo e participando mais, robusta já avançou 38,4% em 2023

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Problemas na Ásia justificam valorização nos preços e maior participação do Brasil neste mercado

Com as baixas na produção da Ásia, o produtor de robusta do Brasil viu o cenário de preço mudar nos últimos meses. De acordo com informações da StoneX Brasil, no primeiro semestre do ano as cotações avançaram 38,4% refletindo os problemas na oferta. O relatório ressalta que nos últimos três meses, com a entrada do café brasileiro no mercado, o mercado chegou a registrar 3,4% em setembro, registando rápida recuperação diante das incertezas climáticas nas principais origens produtoras.

“A menor oferta de café robusta nos países produtores da Ásia levou os diferenciais de preço na Ásia explodirem, garantiu espaço para o robusta brasileiro, que é hoje a origem mais competitiva para o tipo mundo. Neste cenário, foi observado um forte aumento nas exportações brasileiras do tipo, que avançaram 254% em julho e mais de 440% em agosto, quando atingiu quase 700 mil sacas, máxima história mensal”, afirma o relatório assinado por Fernando Maximiliano.

Diante da discrepância entre os números de oferta e demanda que existe no mercado, o analista afirma que avaliar o potencial produtivo do Brasil, seja de arábica ou conilon, é fator chave para os próximos meses. “Considerando o El Niño, dados históricos não indicam uma conexão clara entre a ocorrência do fenômeno e uma queda na produção de arábica, no entanto, o clima quente que é reflexo do El Niño, pode impactar negativamente a produção, principalmente nos casos em que a temperatura ultrapassa 34ºC”, afirma. Segundo a análise, as altas temperaturas podem favorecer perdas nas floradas e também nas etapas iniciais de desenvolvimento da safra.

Com relação ao robusta, relembra que no último ano de El Niño foi registrada queda de 38% na produção entre 2014 e 2016, quando o parque cafeeiro refletiu a seca sobretudo no Espírito Santo. “Em 2023, as condições são diferentes, com os produtores mais preparados. No entanto, tendo em vista que o pico do fenômeno aconteceria entre novembro e janeiro, as altas temperaturas, mesmo com o uso de sistemas de irrigação, poderiam impactar o potencial produtivo em 2024”, afirma.

Para os próximos meses, o analista destaca que o mercado vai operar com fundamentos diversos na precifiação, mas que o robusta continuará tendo suporte na queda de produção da Ásia. “A partir de agora, um possível cenário de clima favorável poderia alimentar um otimismo com a safra 2024/25 e atuar de forma negativa para os preços, mas caso o El Niño gere impactos, os preços poderão ter suporte”, finaliza.

Por: Virgínia Alves | Fonte: Notícias Agrícolas