CNC vai representar o Brasil no Fórum Mundial dos Produtores de café na África

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O Conselho Nacional do Café (CNC) participará do 3º Fórum Mundial dos Produtores de Café  (WCPF) que acontecerá em Kigali, Ruanda, nos dias 13 e 14 de fevereiro de 2023. O WCPF nasceu em 2017 para reunir produtores de café de todo o mundo e fornece um espaço único para discutir questões críticas de interesse comum para os cafeicultores, incluindo sustentabilidade, clima, meio ambiente e prosperidade.

O CNC é o representante do Brasil no Fórum desde a primeira edição do encontro. Em 2023, o tema proposto ao Brasil pela direção do Fórum foi: o aumento da regulamentação ambiental nos países consumidores salvará o planeta ou arruinará os agricultores?

O Conselho Nacional do Café preparou uma apresentação e fará considerações sobre a produção de café do Brasil. Mostrará que o desenvolvimento rural e um forte setor agrícola reduzem a pobreza e são a base para o desenvolvimento econômico sustentável em todos os níveis. Cerca de 50% dos extremamente pobres do mundo vivem em áreas rurais. Em muitos países em desenvolvimento, a segurança alimentar e o desenvolvimento rural são desafios constantes. A mudança climática e outras crises globais ameaçam cada vez mais os meios de subsistência rurais. Consequentemente, pela falta de renda, há um êxodo rural, os agricultores com dificuldades para sua manutenção se mudam para as cidades em busca de melhor condição para sustentação de suas famílias, causando violência nos grandes centros pela falta de empregos e o pior comprometendo a segurança alimentar, pois param de produzir.

Silas Brasileiro, presidente do CNC, pontuou que a instituição levará uma visão fundamental para reflexão dos demais países sobre o momento geopolítico mundial, no qual a cafeicultura deve se posicionar. Os pontos a serem apresentados são:

  • Ter um olhar de parceria e cooperação talvez seja melhor do que rotular uma área de risco, excluindo o elo mais fraco de valor da cadeia café que é o produtor, no entanto, sendo ele o elo mais importante;
  • Nos chama atenção também quais os critérios que seriam utilizados para definir uma área de risco e quais as ações que poderiam ser adotadas. Vamos investir como setor público e privado para que essa área seja corrigida e continue a produzir ou simplesmente excluí-la, o que poderá comprometer o abastecimento;
  • Cremos que pela falta de conhecimento, legisladores criem mais problemas do que soluções, com o aumento de regulamentação imposta, o que não salvará ou arruinará o planeta, como consequência pode sim criar uma crise de abastecimento;
  • Se uma área for rotulada como área de risco, os compradores vão parar de comprar café ali produzido e essa área não será preservada ou recuperada porque ninguém vai investir, sabendo que não será uma área lucrativa. Essa avaliação deve ajudar a entender quais regiões precisam de maior investimento do setor público (políticas públicas) e do setor privado (desenvolvimento de programas e treinamentos). Esse referencial fornece uma linguagem comum para todos os atores do setor e deve ser utilizado como forma de direcionar os investimentos e não como uma barreira comercial, excluindo o elo mais fraco da cadeia de valor do café, o produtor e, por outro lado, o mais importante.

O Conselho Nacional do Café proporá as seguintes soluções:

• Responsabilidade compartilhada entre produtores e mercado consumidor – não leis que punem com o risco de exclusão de áreas rurais que pela absoluta pobreza migram os produtores para as cidades ou outras culturas que sejam mais rentáveis do que produzir café;

• Espírito de intercooperação – Recomendamos uma ação de intercooperação para que todos possam apresentar seus modelos de produção;

• A união do setor privado pode convencer indústrias em investir parte de sua renda para melhorar a qualidade de vida no campo e a sustentabilidade na produção – ESG;

Além das ações no âmbito da intercooperação, o CNC aponta algumas soluções técnicas a serem adotadas pelos países produtores.

• Rastreabilidade: para apoiar os agricultores no processo de rastreabilidade

Parte 1 = O governo deve incentivar associações/cooperativas/indústrias a dar assistência técnica aos cafeicultores para melhor gestão de suas propriedades e auxiliá-los a adotar a rastreabilidade, como forma de atender as exigências do mercado, sendo esse um processo que dependerá de um prazo para sua implantação, não podendo ter um corte abruto e nem ser utilizado como uma barreira comercial, excluindo assim produtores de suas atividades;

Parte 2 = O próprio governo pode auxiliar e estimular os produtores por meio de assistência técnica e financiamentos de longo prazo para as adaptações as novas exigências de mercado;

Parte 3 = Com a evolução de tecnologias, permite-se que se obtenha o monitoramento de áreas rurais, produtivas ou preservação de florestas. Um satélite pode rastrear com total segurança áreas de desmatamento, sem necessidade de verificação física ou pessoal, evitando assim que uma região produtora seja considerada desmatada após 2020.

• Preço justo

O ponto focal deve ser o preço justo, que até então indústrias, traders e o mercado consumidor em geral não tenha considerado. Não se pode falar em living income ou living wage se o mercado não considera que o produtor tem que ter qualidade de vida, renda próspera para manter no mínimo a sua dignidade.

A estratégia a ser adotada para agregar valor ao café, deve ser a união dos países produtores, sendo neste Fórum o momento ideal para construção de um documento em que todos possam estar alinhados, com o mesmo sentimento e ideal.

“Num primeiro momento muitos poderão não entender o que vamos apresentar nesse Fórum, no entanto, as pontuações são condizentes com a pauta que nos foi apresentada. O documento que será apresentado e discutido servirá com uma contribuição da produção de café brasileira, sendo este um trabalho permanente da representação da produção através do Conselho Nacional do Café”, explica Silas Brasileiro.

Fonte: Assessoria de Comunicação CNC