Circuito das Águas Paulista se torna polo de cafés especiais

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A cultura cafeeira, que já foi o grande motor da economia paulista no final do século XVIII e da região de Campinas, volta a ser protagonista com o desenvolvimento de cafés especiais. Das nove cidades que compõem o Circuito das Águas Paulista, que mantém propriedades produtoras de cafés de alta qualidade reconhecidas nacional e internacionalmente, três são municípios da Região Metropolitana de Campinas (RMC): Pedreira, Holambra e Jaguariúna.

Na semana passada, as cidades do circuito tiveram dez produtores finalistas entre os 37 selecionados de todo o Estado, no Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo, que chegou à sua 21ª edição este ano. Três prêmios foram conquistados por produtores instalados nas cidades que compõem o circuito, performance que coloca os cafeicultores da região entre os melhores do Estado.

De acordo com dados da Associação dos Produtores de Cafés Especiais do Circuito das Águas Paulista (Acecap), que além de Pedreira, Holambra e Jaguariúna, reúne outros sete municípios, como Águas de Lindóia, Amparo, Monte Alegre do Sul, Lindóia, Serra Negra e Socorro, ao todo a região reúne 1.800 produtores. São cerca de 7 mil hectares de plantação de café e uma colheita média de 192 mil sacas de 60 quilos, o que rende uma produtividade que chega a 28 sacas por hectare.

Conforme a entidade, esse resultado vem em sua maioria de pequenas e médias propriedades com até 50 hectares de produção. “A qualidade da produção é resultado de uma produção familiar, que preza pelo cuidado em todas as etapas, e muitas vezes lideradas por mulheres cafeeiras. Algumas das famílias produtoras estão chegando à quinta ou sexta geração de produtores”, explica a presidente da entidade Sílvia Fonte.

Segundo ela, na última década, o Circuito das Águas Paulista vive uma transição. A produção migrou do café de commodity para o café especial. O grande impulso foi o movimento mundial da segunda e terceira ondas do café.

A principal diferença entre café especial e tradicional (commodity) é a forma de manejo. Quando se fala de café tradicional a referência é a colheita dos grãos de forma muitas vezes mecanizada, já o manejo para a produção de cafés especiais é mais seletiva.

Para a entidade, a decisão de migrar a produção para cafés especiais vem dando bons frutos e já desdobra-se em um café de altíssima qualidade para o consumidor, melhor rentabilidade para os produtores, sustentabilidade e desenvolvimento de produtos associados.

Entre esses produtos, o destaque é o turismo de experiência e conhecimento, que além de incrementar a produção agrícola valoriza ainda mais o produto e a economia dos municípios. “Nesta trajetória, muitos nos deram as mãos e nos conduziram em passos firmes, nos ajudando a construir uma ótima base para os negócios. O Sebrae é uma das entidades que olha para o pequeno e médio empresário e os vê sempre como grandes, sempre acreditando nos resultados de seus empenhos”, disse.

A produção de cafés especiais também conta com uma nova onda de cafeicultores que se instalaram na região atraídos pela qualidade de vida, vocação cafeeira e características produtivas. A coordenadora do Sindicato Rural de Amparo e Região, Roseli Vasco de Toledo, afirma que esse movimento e a desenvoltura dos municípios produtores dos cafés especiais está ligada também a qualidade do grão e ao incentivo à transição da produção que antes era predominantemente commodity e agora é de cafés especiais. “Estamos orgulhosos de fazer parte dessa transformação, que incentivou à mudança no modo de produção. Hoje, fico feliz em ver como a região tornou-se conhecida pela produção de cafés especiais, cada vez mais premiados fora daqui”, disse.

A qualidade da produção de cafés especiais na região também é beneficiada pelas características geográficas e pelo clima das cidades, apontado como ideal para o cultivo do produto, por conta do solo e da altitude.

Fonte: Correio Popular