Ciência ajuda a transformar Rondônia referência na produção de café na região Norte

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Pesquisas e resultados colocaram o estado como segundo maior produtor de café conilon do país nos últimos anos

Uma das conquistas importantes da ciência brasileira para a região norte se deu em 2015, quando a Embrapa Rondônia lançou a BRS Ouro Preto, cultivar clonal de café conilon desenvolvida em parceria com o Consórcio Pesquisa Café. Adaptada às condições de solo e clima da Amazônia, a cultivar apresentou produtividades de 70 sacas/hectare sem irrigação e acima de 110 com irrigação. Um salto de produtividade, considerando a média atual de 21 sacas por hectare, no estado.
Em 2019, estudos desenvolvidos pela Embrapa Rondônia durante 13 anos apontaram a cultivar de café arábica Catucaí Amarelo 2SL como muito produtiva para a região amazônica. Desenvolvida pela Fundação Procafé, ela já era indicada para plantio no sul de Minas Gerais, mas as análises genéticas conduzidas pela Embrapa comprovaram o seu potencial produtivo também em temperaturas elevadas, possibilitando estender a recomendação de plantio para Rondônia, em regiões acima de 300 metros de altitude, com temperaturas médias próximas de 26°C.
Os estudos selecionaram a cultivar e duas linhagens entre 57 genótipos de café arábica avaliados, pois elas mostraram produtividade de 35 sacas por hectare, acima da média brasileira de 30 sacas. Além disso, a qualidade da bebida superou as expectativas, alcançando notas superiores a 80 pontos, na escala de 0 a 100 da Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), o que a coloca na categoria de café especial, de acordo com os padrões internacionais de qualidade.
Outro destaque que demonstra o forte investimento da pesquisa na cafeicultura amazônica, é o pacote tecnológico lançado também em 2019 pela Embrapa Rondônia, que permite ao cafeicultor saber quais clones deverão ser combinados na lavoura, além de escolher cada material de acordo com as características desejadas: produtividade, qualidade da bebida, resistência a doenças, entre outras.
Isso porque os pesquisadores desenvolveram cultivares clonais que reúnem vantagens das variedades conilon e robusta. Os novos materiais mostraram alta produtividade de café beneficiado, resistência à ferrugem e ao nematoide das galhas, boa qualidade de bebida e adaptação às condições edafoclimáticas da região amazônica.
As plantas do café conilon se caracterizam pelo menor porte e maior resistência à seca, enquanto as do robusta apresentam aspectos complementares como maior vigor vegetativo, grãos maiores e menor resistência ao déficit hídrico. Plantas híbridas, provenientes de cruzamentos naturais ou direcionados, têm se destacado nas avaliações de campo por expressar as melhores características dessas duas variedades.
Por Robinson Cipriano da Silva / Revista Cultivar