Chuva e frio prejudicam lavouras de café

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Por J.B. Matiello, J.E. P. Paiva, S.R. Almeida, Rodrigo N. Paiva, Iran B. Ferreira e Marcelo Jordão filho – Engs Agrs Fundação Procafé

Em final de maio e inicio de junho foram registradas chuvas anormais na principal região cafeeira de café arábica do país, no Sul de Minas e na Mogiana – SP.  O exemplo da Estação em Varginha mostra chuvas totais de cerca de 90 mm, com precipitações distribuídas em 11 dias, quase seguidamente.

A massa fria, que trouxe a chuva, provocou aumento na umidade e queda de temperatura, fatores que provocaram, em conjunto, efeitos prejudiciais às lavouras de café, aqui sendo destacadas as principais observações de campo realizadas.

1 – Aceleração na maturação dos frutos – os quais passaram, mais rapidamente, de maduros para secos, reduzindo a possibilidade de preparo de cafés CD. Ao nosso ver, esse fenômeno foi provocado pelo ataque de fungos saprófitas na casca, facilitado pela umidade. Ocorre que, neste ano, já havia, antes da chuva, aparecido uma anormalidade, de causa provável fisiológica, onde a casca dos frutos mostrava muitas manchas marrons, que formavam inúmeras lesões, as quais podem ter agravado o ataque dos fungos saprófitas, causadores de morte e apodrecimento de tecidos e, em consequência, aumentando a produção de etileno na casca.

2 – Fermentação em frutos – com a umidade constante, os frutos, ao passarem de maduros a passa/secos, foram mais atacados por fungos causadores de fermentações indesejáveis, como Penicillium, Fusarium e Aspergillus, que levam à depreciação da bebida. Este aspecto foi mais grave em regiões mais problemática para qualidade, como as de menor altitude na região.

3 – Queda maior de frutos ao chão – provocada pela umidade das chuvas e associação com os ventos. Os frutos, úmidos e no estágio de secos, ficam mais pesados e seu pedúnculo mais fraco, caindo caem em maior quantidade. Esse efeito foi maior em variedades de maturação precoce, como o Mundo Novo.

4 – Ativação dos frutos verdes – a retomada da umidade no solo, depois de cerca de 40 dias sem chuva, parece ter ativado o crescimento dos frutos verdes, observando-se, no geral, que boa parte cresceu mais, engrossando a sua casca. Por outro lado, alguns que se encontravam com lesões e, especialmente, pela produção de etileno nos frutos próximos, secos, houve uma aceleração da sua maturação. Isso e, mais, um ataque de Colletotrichum oportunista, especialmente, em frutos já lesionados, por outras doenças ou pragas (Cochonilhas e ácaros) provocaram a passagem de uma parte deles de verde a secos.

5 – Antecipação do ataque de Phoma e bacteriose – com a umidade e queda da temperatura houve favorecimento à antecipação do ataque dessas doenças, com efeito sobre a folhagem, a ramagem ponteira e algumas gemas florais iniciais.

6 – Queda severa de folhas – A queda de folhas, mesmo em lavouras com boas condições vegetativas, como aquelas podadas no sistema safra zero, foi provocada pelo choque hídrico, pela morte de fungos epífitas sobre a folhagem/ramagem e pelo ataque de doenças.

7 – Emissão de ramificações secundárias em ramos produtivos – Por efeito do frio intenso, alguns ramos tiveram as últimas folhas (novinhas) queimadas ou com crescimento paralisado, levando à quebra da dominância apical, com isso surgindo ramificação secundárias abundantes, em muitas lavouras, com transformação de gemas florais em vegetativas.

8 – Florações pequenas extemporâneas – Depois do stress hídrico que vinha acontecendo, especialmente regiões mais quentes e em ponteiros das plantas, houve uma pequena abertura de floração, ainda fora de época.

Analisados os problemas constatados, em conjunto, os quais ocorreram em maior ou menor grau dependendo das condições das lavouras, pode-se observar que as perdas qualitativas, no tipo, aspecto e bebida do café desta safra, ficam bem evidentes. As perdas quantitativas ainda deverão ser melhor avaliadas, pois dependem do prosseguimento da colheita, da eficiência no recolhimento do café de varrição e, no que se refere à próxima safra, vai depender do nível de enfolhamento remanescente, de forma critica, lá na frente, no período de pré-florada.






Fonte: Fundação Procafé

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