Quais os motivos que levam o consumidor a pagar mais caro por um café? Prazer na bebida? Benefícios à saúde? Deleite por estar num aconchegante espaço de uma cafeteria? As respostas são muitas e explicam o sucesso dessa bebida tão apreciada. Mas há diferentes cafés a se apreciar e descobrir. Enquanto o crescimento dos cafés tradicionais, ou seja, de consumo comum cresce em torno de 2% ao ano, os Cafés Especiais alcançam, atualmente no mundo, a marca dos 15% ao ano, lembrando que esses cafés, segundo dados do BSCA (Associação Americana de Cafés Especiais), podem custar até 40% a mais que os rótulos tradicionais. Além disso, no Brasil, a cada dia são lançadas, no mercado, novas marcas dos chamados “Cafés Especiais” ou Specialty Coffee (na tradução, são Cafés Especializados). Novas cafeterias, novos torrefadores, produtores, todos preocupados com investimento nesse nicho.
Mais do que agrado ao paladar, os cafés de qualidade ou “cafés especializados” trazem significativos elementos para a economia do país: maiores divisas, exportação majorada, aumento de pessoas envolvidas direta e indiretamente na cadeia produtiva, novos empregos. Constata-se uma crescente preocupação quanto ao referido mercado específico, cuja produção é cercada de maiores cuidados e investimentos. O Café especial vem de uma propriedade certificada atendendo aos processos de sustentabilidade em seu tripé econômico, social e ambiental. Gera um produto mais valorizado acabando por resultar maior renda ao produtor como também ao consumidor final em face à excelência da bebida.
As cafeterias assumem, no Brasil e no mundo, papel relevante fornecendo informações ao consumidor final. Trata-se de um contato direto entre o café e a pessoa por meio dos operadores das cafeterias especializadas, e não o contato distante e impessoal do consumo do café tradicional “caseiro”. Tal contato traz uma novidade: a intimidade com a nossa bebida brasileira de altíssimo padrão internacional. Assim, fica mais fácil entender o contexto; escolher o ambiente e a marca do café entendendo sua procedência e origem. Ou seja, fazendo parte da história, e não apenas sujeito desavisado desse consumo.
A escolha é de cada um passando da condição estrita de comprador, integrando indiretamente a cadeia cafeeira. Ao degustar um café de qualidade, nos tornamos agente. Por isso, há uma mudança significativa de postura frente ao consumo automático.
Dessa forma, o café passa a ter prevalente valor adicional: o café é mais caro, tem preço diferenciado, mas sua excelência é notável. Os locais especializados têm empreendido esforços em aperfeiçoamentos tanto pelos proprietários das cafeterias, como também por meio dos operadores de cafés, os chamados baristas. Há também novas metodologias de preparos dos cafés filtrados em processos especiais (French Press, Harios, dentre outros). Enfim, o consumidor passou a protagonizar a história, envolvido com o produto desde sua origem, sobretudo na consciente escolha dos melhores cafés para seu consumo.
Por Caprice M. Cerchi Borges / Torrefadora de Cafés Especiais – Q. Grader pela SCAA – (Associação Americana de Cafés Especiais)
Fonte: Correio de Urbelândia