Café tem demorado mais que outros setores para adotar novas tecnologias
Segundo Guilherme Morya, analista sênior do Rabobank, os cafeicultores brasileiros mais tecnificados já usam equipamentos para coletar e analisar informações de clima e solo, coletam imagens à distância por sensores para detectar dados como temperatura, distribuição de cores ou umidade do solo, fazem manejo de irrigação, usam drones e VANTs como ferramentas para o mapeamento e monitoramento de áreas e a telemetria para o acompanhamento de máquinas e suas operações em tempo real.
Mas, para elevar o uso de tecnologias na produção de café, o estudo elenca três necessidades: elevar a conectividade no campo para permitir a transmissão de dados, uso de sensores e computadores de bordo; aumentar o acesso dos pequenos produtores a essas tecnologias, já que apenas 5% dos cafeicultores têm mais de 100 hectares; e capacitar os produtores para usar e reconhecer os benefícios do uso de novas tecnologias.
Morya considera que as agtechs têm um papel fundamental no avanço do uso das tecnologias na cafeicultura. “É esperado que o setor continue progredindo e sendo alvo de muitas inovações no futuro.”
Segundo dados do 2º Censo AgTech Startups Brasil, realizado pela startup Garage em parceria com a Esalq-USP de 2018 e citado pelo estudo do Rabobank, o setor de café é o quinto principal mercado para as agtechs. Minas Gerais, que concentra 56% da produção de café, tem 142 agtechs instaladas (terceiro Estado com mais agtechs), mas o Espírito Santo, maior produtor nacional de café conilon, possui apenas 20, segundo dados do Radar Agtech Brasil 2020-21.
O estudo assinala ainda que a chegada da tecnologia 5G no Brasil deve trazer uma série de melhorias, incluindo a ampliação da conectividade no campo e, consequentemente, um aumento na eficiência da agricultura brasileira. “Mesmo que a tecnologia 5G não chegue efetivamente no campo rapidamente, indiretamente ela irá promover uma melhoria da cobertura no meio rural com a criação de um ecossistema que acelere a integração também de pequenos e médios produtores de café à agricultura digital”, pontua o Rabobank.
Fonte: Revista Globo Rural