Café tem demorado mais que outros setores para adotar novas tecnologias

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Um estudo do banco holandês Rabobank aponta que, embora tenha melhorado nos últimos anos, o avanço das tecnologias parece ocorrer de forma mais lenta na cafeicultura, em comparação com outros segmentos do agronegócio. O texto cita que os cafeicultores já aplicam bem os conceitos de agricultura 2.0 e 3.0, entre eles agricultura de precisão, georreferenciamento e biotecnologia, mas têm desafios enormes para massificar o uso da agricultura 4.0, acessível atualmente apenas aos produtores de larga escala mais tecnificados, e ainda engatinha na 5.0, que inclui sistemas autônomos de decisão, inteligência artificial, robótica e biologia sintética.

Segundo Guilherme Morya, analista sênior do Rabobank, os cafeicultores brasileiros mais tecnificados já usam equipamentos para coletar e analisar informações de clima e solo, coletam imagens à distância por sensores para detectar dados como temperatura, distribuição de cores ou umidade do solo, fazem manejo de irrigação, usam drones e VANTs como ferramentas para o mapeamento e monitoramento de áreas e a telemetria para o acompanhamento de máquinas e suas operações em tempo real.

Mas, para elevar o uso de tecnologias na produção de café, o estudo elenca três necessidades: elevar a conectividade no campo para permitir a transmissão de dados, uso de sensores e computadores de bordo; aumentar o acesso dos pequenos produtores a essas tecnologias, já que apenas 5% dos cafeicultores têm mais de 100 hectares; e capacitar os produtores para usar e reconhecer os benefícios do uso de novas tecnologias.

Morya considera que as agtechs têm um papel fundamental no avanço do uso das tecnologias na cafeicultura. “É esperado que o setor continue progredindo e sendo alvo de muitas inovações no futuro.”

Segundo dados do 2º Censo AgTech Startups Brasil, realizado pela startup Garage em parceria com a Esalq-USP de 2018 e citado pelo estudo do Rabobank, o setor de café é o quinto principal mercado para as agtechs. Minas Gerais, que concentra 56% da produção de café, tem 142 agtechs instaladas (terceiro Estado com mais agtechs), mas o Espírito Santo, maior produtor nacional de café conilon, possui apenas 20, segundo dados do Radar Agtech Brasil 2020-21.

O estudo assinala ainda que a chegada da tecnologia 5G no Brasil deve trazer uma série de melhorias, incluindo a ampliação da conectividade no campo e, consequentemente, um aumento na eficiência da agricultura brasileira. “Mesmo que a tecnologia 5G não chegue efetivamente no campo rapidamente, indiretamente ela irá promover uma melhoria da cobertura no meio rural com a criação de um ecossistema que acelere a integração também de pequenos e médios produtores de café à agricultura digital”, pontua o Rabobank.

Fonte: Revista Globo Rural