Café Robusta: altas expressivas nos mercados globais

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O café robusta está em evidência nos mercados globais, atingindo o maior valor dos últimos oito anos. Em março deste ano, o preço alcançou a expressiva marca de R$ 889,32 por saca de 60 kg, conforme o Indicador CEPEA/ESALQ.‍

Segundo o pesquisador da Embrapa-RO, Enrique Alves, a alta dos preços tem sido atribuída principalmente à diminuição da safra global de cafés da espécie canéfora, que inclui o robusta. “As adversidades climáticas no Vietnã e na Indonésia tiveram um impacto significativo no fornecimento de cafés robustas. Esses países são, respectivamente, o primeiro e o terceiro maiores produtores globais desses grãos”.

Enquanto isso, o Brasil, que é o segundo maior produtor de robusta do mundo, possui uma boa safra, produzindo pouco mais de 16 milhões de sacas. Esse volume representa cerca de 21,8% de todo o café canéfora no mundo.

Outro fator relevante para o aumento dos preços é a melhoria na qualidade de robusta ao longo dos últimos anos. Essa evolução tem incentivado uma maior utilização desses grãos pelas indústrias de torrefação em todo o mundo. “No Brasil, segundo indicações, cerca de 60% do café consumido é robusta. A melhoria dos aspectos sensoriais desses cafés tem colocado o grão como uma excelente alternativa de consumo”, disse Enrique.

O pesquisador também explica que as incertezas políticas, aliadas a um contexto de inflação e juros elevados, têm reduzido o poder de compra dos consumidores, tornando o café robusta mais atrativo. “Era de se esperar que os cafés robustas, sensorialmente aprimorados, se tornassem mais atrativos e criassem novos hábitos de consumo. Um exemplo pontual, mas bastante representativo disso, foi o crescimento na exportação de Robustas Amazônicos no último ano”, informou o pesquisador da Embrapa.

Diante de sua maior rusticidade, produtividade e custos mais baixos, os cafés robustas e conilons continuam a atrair consumidores e indústrias. Além disso, deve-se considerar que a espécie canéfora é possivelmente a mais adequada para lidar com as mudanças resultantes do aquecimento global. “Ainda que uma previsão de preços atuais e futuros seja complexa. Não há dúvidas que os cafés canéforas, com seu vigor genético e novos pacotes tecnológicos, podem representar ao Brasil, a manutenção da sua competitividade no mercado mundial”, concluiu Enrique Alves.

Redução global da oferta faz exportações dispararem 

Para Felipe Alvarenga, coordenador do curso de classificação de café do CCCMG (Centro do Comércio de Café de Minas Gerais), a redução da oferta a nível global fez com que as exportações no Brasil aumentassem consideravelmente. “Em janeiro de 2023 foram exportadas menos de 100 mil sacas, e nós chegamos a mais de 700 mil sacas em apenas um mês, sendo que neste mês de fevereiro foram 500 mil sacas, totalmente atípico para época do ano”. afirmou.

Felipe também comentou que não acredita que esse cenário vai durar muito tempo. “Todo aumento de preço no café devido a fatores climáticos e limitação da oferta tende a se corrigir no prazo de um ano a 18 meses, voltando ao normal. Não é uma correção eterna; eventualmente, esse preço vai se estabilizar”, explicou.

Além disso, a redução da oferta também está afetando a dinâmica de preços entre as variedades. “O café conilon era negociado com valores de 20 a 30% abaixo do café arábica. Com a limitação de oferta, hoje estamos vendo uma diferença de no máximo 10% entre o arábica e o robusta. É uma diferença muito pequena. Não podemos descartar a possibilidade de que um dia o preço do robusta alcance o do arábica, mas isso é apenas uma previsão”, concluiu Felipe.

Fonte: Play no Agro/ por Larissa Moura