Café africano ganha destaque entre consumidores de chá da China

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Dentro de um café decorado com pinturas a tinta e caligrafia chinesa, grãos de café Yirgacheffe da Etiópia são misturados com chá chinês oolong, liberando um aroma único.

O café com sabor de chá chinês surpreendeu Liu Xuedan, que fez um pedido na filial da Yuenn & Yang Coffee, em Changsha, capital da província de Hunan. “Eu sabia que o café africano tinha um sabor ótimo, mas nunca imaginei que combinaria tão bem com o chá chinês”, disse a turista de 24 anos, natural da província de Sichuan.

A China, que é um país tradicionalmente consumidor de chá, tem mostrado um apetite crescente por café. De acordo com a plataforma de comércio eletrônico Meituan, a escala da indústria cafeeira da China foi estimada em 200 bilhões de yuans (cerca de US$ 27,6 bilhões) em 2022 e deve chegar a 369 bilhões de yuans (US$ 50,9) em 2025.

“Na China, o consumo de café cresceu gradualmente, do consumo de nicho para o consumo de massa. Muitos consumidores individuais, principalmente os jovens, estão comprando máquinas de café e fazendo aulas para aprender a preparar em casa”, disse Yao Siyi, fundador da empresa de comércio de produtos de café Cash Coffee.

Além do mercado em expansão da China, os esforços do país para facilitar os procedimentos de importação de produtos agrícolas africanos abriram caminho para que o café do continente entrasse nos cafés e lares chineses.

A China é o segundo maior destino das exportações agrícolas africanas. Nos últimos anos, mais categorias de produtos agrícolas “Made in Africa” apareceram nas prateleiras das lojas, incluindo o café da Etiópia, a castanha de caju da Tanzânia, o cacau da Costa do Marfim e abacates do Quênia.

Na Cash Coffee, mais da metade de todos os grãos de café comumente usados vêm da África. “Os grãos africanos possuem um sabor de fruta rico e único, por isso os misturamos na maioria dos nossos grãos de café italianos”, disse Yao.

No Grande Mercado de Gaoqiao, onde fica a Cash Coffee, cerca de 40% das 2 mil toneladas de grãos de café vendidas em 2022 foram importadas da África. O mercado abriu um centro comercial de café africano em 2020 para promover a importação de grãos africanos. Através do centro, os compradores chineses podem contornar os revendedores intermediários para assinar acordos diretamente com os agricultores africanos, reduzindo assim os custos em 30%. O centro também serve como centro de exposição e distribuição, e como incubadora de novas marcas de café africano.

Own Master, ou Coffee Z, é uma dessas marcas que se beneficiou do processo de importação. Usando principalmente grãos de café africanos, a cadeia de cafés abriu até agora quase 50 filiais na China e recentemente levantou 100 milhões de yuans (US$ 13,8 milhões) em financiamento da série A.

Jing Jianhua, fundador da Hunan Xiaokazhu Coffee, empresa que administra a cadeia de cafés, disse que a empresa planeja abrir 200 cafés este ano, a maioria deles localizados em cidades menores, onde os jovens começaram a frequentar cafés. “A cultura chinesa e a cultura do café são inclusivas. E a tendência do café na China é integrar café com chá, arroz glutinoso fermentado e culturas chinesas locais”, disse Jing.

As informações são do The East African / Tradução Juliana Santin

Por Equipe Café Point