Alta nos preços pode incentivar produção de café, afirma OIC

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A Organização Internacional do Café (OIC) acredita que a alta recorde de preços experimentada em 2011 deve incentivar os produtores a cultivar mais café, o que permitiria preparar o mercado visando um aumento do consumo nos países emergentes. A afirmação foi feita nesta quinta-feira pelo novo diretor da OIC, o brasileiro Robério Oliveira, em entrevista coletiva em Londres ao término da reunião semestral do Conselho do organismo, que representa 33 países produtores e 32 consumidores do mundo (incluindo os 27 da União Europeia).

"É difícil de prever, mas esperamos que o aumento dos preços, que ainda se mantêm em cotas relativamente altas, encoraje os cafeicultores a aumentar sua produção", declarou.

Embora atualmente não haja escassez de oferta, apesar de existir certa tensão com a demanda, é previsto que "no futuro próximo aumente o consumo em países emergentes como China, Índia e México, o que requereria um aumento das reservas", admitiu o presidente do Conselho, o ugandense Henry Ngabirano.

O cultivo de café depende muito dos incentivos para os pequenos e médios produtores em países em desenvolvimento na América Latina, África e Ásia.

A histórica alta dos preços de 2011, quando tocou os 231 dólares a libra, pode impulsionar este cultivo frente a outros, apesar das dificuldades que ainda afrontam os agricultores em alguns países para encontrar financiamento.

Após essa escalada no ano passado, motivada por uma escassez de oferta, os preços desceram cerca de 15% – em parte pela desvalorização do dólar frente às moedas locais – e o valor médio da libra de café se situou em fevereiro em US$ 182,29, um preço ainda atrativo para o setor.

A produção total para o ano cafeicultor atual (de outubro de 2011 a outubro de 2012) é estimada, faltando dados definitivos, em 128,5 milhões de sacas, o que representa uma queda de 4,3% frente ao ano anterior.

É prevista uma queda da produção em todos os continentes menos na África, com uma queda de 7,6% na América do Sul – motivada em parte pelo mau tempo em países como a Colômbia – e 6,2% na América Central, exceto Nicarágua e Costa Rica.

Para o ano cafeicultor 2012-13 só foram dadas as estimativas do Brasil, principal produtor do mundo, de um aumento de até 50,6 milhões de sacas na colheita.

Com relação ao consumo, em 2010 foi de 135 milhões de sacas e a expectativa é de que em 2011 "tenha continuado crescendo mais de 1%" apesar da crise econômica, afirmou Oliveira nesta quinta-feira, que no entanto se mostrou confiante de que, apesar da oferta restrita, seja possível enfrentar sem problemas o crescente aumento da demanda.

Esta tensão fará com que "os preços se mantenham altos no futuro imediato", disse.

O diretor-executivo da OIC disse que ainda é cedo para avaliar os efeitos que a crise na eurozona teve no consumo de café no sul da Europa e admitiu também que a evolução dos investimentos dos bancos continua "com interesse" nos mercados de matérias-primas, em um contexto de escassez de financiamento disponível.

Nesta reunião do Conselho foi celebrado o segundo Fórum consultivo para o financiamento do setor cafeicultor, com produtores, Governos e instituições financeiras, no qual foi constatada a importância de que os países implantem uma legislação adequada para que o setor possa florescer.

Também estava previsto que nesta quinta-feira fosse assinado um memorando de entendimento com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) para facilitar recursos e assessorar outros estados sobre como aumentar sua capacidade para o cultivo de café.

Além disso, durante a sessão do Conselho foi nomeado o empresário italiano Andrea Illy, dos cafés de mesmo nome, como responsável pela promoção do setor e foi marcada como prioridade buscar a adesão da China, Rússia e Coreia do Sul à OIC.

Fonte: Agência EFE

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