Setor uniformiza discurso e aponta propostas

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O Conselho Nacional do Café (CNC) realizou na quarta-feira, 14, uma reunião plenária em sua sede, em São Paulo com lideranças da cafeicultura e representantes das cooperativas de café. Mesmo com uma pauta extensa, alguns pontos foram tratados com destaque. Entre eles a unificação do discurso por parte das lideranças e a revitalização do Conselho Deliberativo da Política Cafeeira (CDPC).

O presidente da Frente Parlamentar do Café e da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso), deputado federal Carlos Melles, informou que estes assuntos também foram apresentados, no dia anterior, ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, em audiência em Brasília com a presença do presidente do CNC, Gilson Ximenes.

Falar a mesma língua – Ximenes, disse que “se todos os representantes da cafeicultura falarem a mesma língua, o setor terá força para obter suas reivindicações junto ao governo, principalmente no custeio para a colheita da safra 2010/2011”, declarou ele. Esse montante para a colheita está estimado em R$ 4 bilhões.

Outro ponto decidido no encontro foi a elaboração de um programa de sustentação financeira para a cafeicultura, que determina aumentar o financiamento da colheita de café para 90%, com dois anos para pagamento. Atualmente o financiamento prevê a cobertura de apenas 70% dos gastos com colheita.

Item também importante para os produtores é a transformação das dívidas em Cédula de Produto Rural (CPR), com 20 anos de prazo para pagamento. “Dessa forma o produtor volta a ser um cidadão, tendo novamente crédito e capacidade financeira”, disse Gilson.

Mais uma ação prevista nesse programa de sustentação é a implantação de uma política de estocagem, como explicou Melles. Para Gilson, mesmo sem a perspectiva de excedente na safra 2010/2011 de café no país, o preço pode não subir. “Se não houver uma política interna para a cafeicultura, nada vai adiantar, pois no Brasil a situação é muito mais complicada e não é regida pela lei da oferta e procura no caso do café. Realmente não deve haver excedente, mas é necessária uma política reguladora, porque a situação do produtor do jeito que está, o empurra a vender o café por qualquer preço, depreciando o produto continuamente”, completou o presidente do CNC, Gilson Ximenes.

Revitalização do CDPC – O deputado, que criou o CDPC, explicou como seria a revitalização deste fórum do café. “Este conselho foi criado para que tenha a efetiva participação da iniciativa privada, do CNC, associações de café solúvel, de torrefação e de exportadores, ou seja, a cadeia do agronegócio do café está representada no CDPC; além do governo, reunindo os ministérios da Agricultura, Planejamento, Fazenda, da Indústria e Comércio e de Relações Exteriores. Esse colegiado é que está apto a tomar decisões e fazer a gestão do Funcafé”, disse Melles.

“Sugerimos ao ministro que realizasse uma reunião do CDPC, solicitando que cada um dos membros da cadeia trouxesse uma análise da situação da cafeicultura dos últimos 20 anos. Que fornecesse informações sobre o desenvolvimento de cada setor nesse período no conceito de sustentabilidade social, econômica e ambiental”. Explicou o presidente da Frente Parlamentar do Café.

Para o deputado, esse seria o caminho de fornecer informações claras e precisas e de promover um diálogo aberto, mostrando o que conjunturalmente é necessário para recuperar um equilíbrio na renda do produtor, além de promover discussões sobre legislação trabalhista e fiscal que não são ideais para o agronegócio. “Esse é o momento da cadeia fazer seus pleitos de forma ordenada, pois estamos em ano eleitoral e os candidatos devem ter compromisso com cada um do setor”, ponderou ele.

Desafios imediatos – Além da revitalização do CDPC, a reunião do CNC apontou algumas soluções para a cafeicultura. “Para solução urgente e imediata aprovou-se que haja recursos para o financiamento de estocagem até 20 milhões de sacas para esta safra e que também exista um programa de opções para cinco a seis milhões de sacas. Isso deve entrar em vigor, no máximo, até maio, para que não haja pressão de venda na safra”, informou Melles.

Ele também fez uma análise do momento atual da cafeicultura. “Nosso desafio é voltar a ter estoques reguladores e poder ordenar o fluxo de oferta de café. Há grande escassez de café no mundo; os países concorrentes do Brasil na produção estão na decadência. Falta ao país voltar a ser o formador de preços e estabelecer uma política de renda ao produtor. Se o café não é tão importante na balança comercial brasileira, é de extrema importância para o social”, comparou.

Fonte: Coffee Break

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