SAFRA CAFEEIRA DE 2011 JÁ ESTÁ COMPROMETIDA

Os efeitos climáticos estão comprometendo a safra cafeeira de 2011. Além de este ano ter chovido 59% menos em relação ao ano passado, quando foram registrados 515 milímetros, contra 213, os focos de queimadas aumentaram 66% também em 2010. As regiões sudeste e centro-oeste do Brasil são as mais atingidas, locais onde se encontram 90% do parque cafeeiro.

Segundo estudos da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite – Sincal – as chuvas foram melhores distribuídas nos anos 2008 e 2009. A falta de chuva está diretamente relacionada à umidade relativa do ar. Com índices constantemente abaixo de 30%, considerados extremamente baixos, as lavouras ficaram comprometidas: há desidratação dos cafeeiros, quedas das folhas, as plantas ficam debilitadas e sujas.

Outro fator que complica a situação da cafeicultura é a demora na liberação do recurso do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira – Funcafé – que este ano foi distribuído apenas em julho. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa, o primeiro sinal de liberação foi tardio devido ao preço da saca do café ter subido para R$ 300, quando os produtores preferiram vender a financiar.

Enquanto o grão lavado, com qualidade inferior ao natural, está sendo negociado a R$ 500 a saca, os brasileiros estão exportando 30 milhões de sacas e consequentemente perdendo o equivalente a R$ 6 bilhões.

A questão é que faltam visão e planejamento estratégico. Caso não sejam tomadas as medidas necessárias, partindo de 47 milhões de sacas de café, previstas em 2011 pela Companhia Nacional de Abastecimento – Conab, o resultado pode ser 30% de quebra na produção e colheita de 33 milhões de sacas. Mas este cenário pode ser mais pessimista, caso a quebra alcance 40%, e haja colheita de apenas 28 milhões. Mas se alguma medida for tomada, podem ser colhidas 35 milhões de sacas, com quebra mínima de 25%.

Enfim, não será ultrapassada a marca de 35 milhões de sacas de café em 2011. E se o clima continuar não contribuindo com as lavouras, esta quantidade pode baixar para 28 milhões. O que pode ocorrer, é que com a falta do produto no mercado, o valor da saca de café alcance R$ 500 ou até R$ 600. É hora de segurar a produção. A opção de financiar o café estocado é boa, porque os juros são de 6,75% ao ano mais taxa operacional de 0,3% ao mês. O prazo é o pagamento de metade do valor em janeiro de 2011 e a outra metade no mesmo mês em 2012.

Porém é de vital importância que todas as cooperativas de café agenciem os financiamentos ao produtor no valor de R$ 261 a saca, a exemplo da Cocatrel, de Três Pontas, que além de fazer novos financiamentos está refinanciando contratos antigos no valor de R$ 210 a saca, completando-os em R$ 261.

Os estoques estão tão baixos no Brasil, quanto no estrangeiro. Talvez o produtor passe a vender café em grãos e não em sacas. O recomendável é que o cafeicultor não faça trocas com fornecedores se não lhe for permitida a participação nos lucros. Aprendam a lidar com a situação. Senão, como diria nosso amigo João Abrão, continuarão doando seu “sangue, suor e lágrimas” às multinacionais, comerciantes e falsas cooperativas. 

* Arnaldo Bottrel Reis é presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha e vice-presidente da Associação Nacional dos Sindicatos Rurais das Regiões Produtoras de Café e Leite – Sincal. 

Fonte: Sindicato dos Produtores Rurais de Varginha

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