Queda de exportações indica estoques de café perto do limite, diz CeCafé

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A queda nas exportações de café do Brasil em abril e no acumulado do ano, reportadas nesta quarta-feira (11/5), reflete uma situação de estoques próximos dos limites históricos. A avaliação é do presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Nelson Carvalhaes.

Em entrevista a Globo Rural, Carvalhaes destaca que já havia essa percepção nos três primeiros meses do ano, mas ainda assim, as vendas externas mantiveram um ritmo considerado positivo. No entanto, os números de embarques de abril trazem uma noção mais clara ao mercado.

“No primeiro trimestre, esperávamos diminuição, mas conseguimos manter um bom ritmo. Agora o mercado está começando a sentir. Nosso sentimento é o de que vai ser a passagem de safra mais baixa em termos de estoques”, avalia Carvalhaes, destacando que o CeCafé não estima reservas nem projeta produção.

No mês passado, as exportações de café em grão e industrializado caíram 25% em relação a abril de 2015, somando 2,406 milhões de sacas. Considerando só o grão, a redução foi de 25,4% na mesma comparação, com um total de 2,149 milhões de sacas. Com uma queda de 12,5% no preço médio (US$ 146,38 a saca), a receita das vendas externas diminuiu 34,3%, para US$ 352,21 milhões.

Presidente do CeCafé acredita que entre 25% e 30% da safra nova de café já estejam negociados com clientes do exterior (Foto: CIAT/CCommons)

No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, as exportações totais de café somaram 11,22 milhões de sacas, uma queda de 7,5% em relação ao intervalo de janeiro a abril de 2015. Considerando um intervalo de 12 meses (mai de 2015 a abril de 2016), as vendas externas do produto brasileiro somam 36,04 milhões de sacas de 60 quilos.

Nelson Carvalhaes lembra que 2014 e 2015 registraram volumes recordes embarcados para o exterior. Sobre o ritmo dos negócios em 2016, afirma que, só a partir do meio do ano, com a entrada de produto novo no mercado, o ritmo dos embarques deve acelerar.

“Estamos chegando quase no final dessa safra, iniciando a outra, a colheita está começando, então eu acho que a partir de julho, eu acho que as coisas começam a ficar mais favoráveis às exportações voltarem ao ritmo maior”, avalia.

O presidente do CeCafé acredita que os níveis atuais de preços internacionais e cotação do dólar têm favorecido as negociações com café brasileiro no mercado externo. Tanto que, segundo ele, entre 25% e 30% da safra nova de café já devem estar comprometidos com clientes de outros países.

“Podemos vender qualidade acima de Nova York e abaixo de Nova York. Acho que neste ritmo e com esse dólar, o mercado vai continuar trabalhando bem. Se os diferenciais (de preço em relação à bolsa de Nova York) se alargarem muito, inviabiliza, mas como acredito que os estoques são muito baixos e o Brasil conta com o que vai produzir para exportar, vai ter uma remuneração boa ao produtor”, afirma Nelson Carvalhaes.

Fonte: Revista Globo Rural (Raphael Salomão)

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