Mão de obra puxa aumento de 6,37% no custo

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Entre os meses de abril de 2014 e março deste ano, as despesas do cafeicultor subiram cerca de 6,37%. O produtor que vive em áreas montanhosas, onde predomina a colheita manual, gastou mais de R$ 200 por saca apenas com colheita e pós-colheita.

Uma análise da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA) mostra que o aumento do salário mínimo aliado à falta de mão de obra em algumas regiões onerou os custos de produção no setor cafeeiro.

"Conseguimos enxergar um pouco dos dois cenários. Há uma falta de mão de obra em regiões pontuais, mas o salário é claramente um problema em nível Brasil", disse Fernando Rati, da Superintendência Técnica da CNA.

Rati lembra que em torno de 50% do café produzido no Brasil vem de Minas Gerais, um local já reconhecido por ter lavouras com alta declividade. Daí a impossibilidade da mecanização e a necessidade de manutenção de pessoas para trabalhos como os de colheita.

De acordo com o estudo, entre os municípios mineiros com produção manual, a Guaxupé apresentou o maior Custo Operacional Total (COT) em março/2015: R$ 501,28 por saca. Santa Rita do Sapucaí e Manhumirim aparecem em seguida, com R$ 473,71 e R$ 469,97 por saca, respectivamente.

"A cidade de Manhumirim, onde predomina o grão do tipo arábica, é um dos casos de relevo muito acidentado. Isso faz com que seja necessário colher com pessoas. No Espírito Santo, região em que comumente se cultiva o café conilon, o município de Jaguaré também passa por isso", ressalta Rati.

No sul de Minas Gerais já se popularizou o uso de um equipamento para colheita chamado derriçador, com astes que se assemelham a dedos e desencadearam o apelido de "mãozinha". Esta foi a principal atração da última Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas (Femagri), realizada em março.

Conforme publicado no DCI, durante o evento, o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino, esclareceu que o equipamento vinha justamente para suprir a dificuldade de mão de obra na região. Entretanto, o especialista da CNA enfatiza que mesmo com esta máquina ainda é necessário um funcionário para operá-la, o que onera a folha de pagamento.

Mecanização
Apesar dos entraves citados na colheita manual, em cidades do cerrado mineiro a mão de obra foi quase que totalmente substituída por mecanização.

"Aqui é plano e cerca de 100% da região é mecanizada. Os primeiros equipamentos chegaram em meados de 1979 e lavouras que antes mantinham 100 funcionários, hoje trabalham com 10", diz o presidente da Associação de Cafeicultores de Araguari (ACA), Cláudio Morales Garcia.

O executivo afirma que os preços de máquinas que façam o trabalho humano variam de R$ 60 a R$ 800 mil.

O levantamento da confederação indica que entre as lavouras mecanizadas, o menor custo de produção foi verificado no município baiano de Luís Eduardo Magalhães, que apresentou custos totais de R$ 238,04 por saca. Em Franca (SP), o desembolso foi de R$ 378,65 e, em Monte Carmelo (MG), de R$ 356,21 por saca.

Vale lembrar que as máquinas acopladas ao corpo humano (como a mãozinha e as costais), na análise da CNA, não caracterizam um processo produtivo como mecanizado. É classificado semimecanizado quando o equipamento é utilizado na condução da lavoura, mas não durante a colheita.

Mercado
A exportação brasileira de café em abril passado (20 dias úteis) alcançou 2,815 milhões de sacas de 60 kg, o que corresponde uma queda de 1,7% em relação ao mesmo mês do ano passado (2,864 milhões de sacas). Em termos de receita cambial, houve diminuição de 6,4% no período, para US$ 468,8 milhões em comparação com US$ 500,8 milhões em abril de 2014. Os dados foram divulgados ontem (04) pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Safra
Sobre a produção, trading Volcafé elevou a sua previsão de safra de café do Brasil em 2015 para 51,9 milhões de sacas de 60 kg, ante 49,5 milhões na projeção anterior, segundo relatório também divulgado ontem (4). No informe, a companhia citou que chuvas em fevereiro e março melhoraram as perspectivas de produtividade da safra cafeeira do Brasil neste ano, com exceção da colheita do Espírito Santo, maior estado brasileiro produtor de robusta, onde o déficit de umidade afetará a produção.

Fonte: DCI

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