Governo vai incentivar produtividade para reduzir volatilidade

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O Ministério da Agricultura pretende reduzir a volatilidade dos preços do café por meio do incentivo ao aumento da produtividade dos cafezais. O secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, José Gerardo Fontelles, diz que o objetivo é levar aos agricultores as tecnologias hoje disponíveis, como novas formas de manejo e adensamento, para encurtar a oscilação bienal da produtividade das lavouras, pois o café tem um ano de safra cheia seguido de outro com menor produção.

O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro (foto), afirmou que a produtividade pode passar das atuais 21 sacas para 30 sacas de café beneficiado por hectare apenas com as tecnologias disponíveis, incluindo novas variedades de plantas mais produtivas e resistentes às adversidades climáticas, pragas e doenças.

Gerardo Fontelles diz que prefere não arriscar números sobre o potencial de aumento da produtividade e destaca que o mais importante para o cafeicultor é a estabilidade de produção e de preços, que permite assegurar a renda e garantir o investimento nos tratos culturais necessários nas lavouras. Ele diz que o alvo da ação do governo federal, que irá atuar em conjunto com as empresas estaduais de extensão rural, será os pequenos produtores, que colhem em média 8 sacas de café por hectare.

A questão do investimento em pesquisa e extensão rural foi um dos assuntos discutidos nesta quinta-feira pelo Conselho Deliberativo da Política Cafeeira (CDPC), que reúne representantes do governo e do setor privado. Outro assunto debatido foi o apoio financeiro anunciado na semana passada pelo governo para incentivar a estocagem pelos cafeicultores, para a compra de café e para capital de giro das torrefações.

Silas Brasileiro afirmou que o volume de recursos anunciado para financiar a estocagem de café pelos produtores – R$ 1,5 bilhão do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Fundafé) e mais R$ 2 bilhões do Banco do Brasil – será suficiente para impedir que o excesso de oferta de café no período de colheita exerça pressão sobre os preços. Ele diz que algumas medidas sugeridas por produtores, como a realização de leilões de opções para retirada de 5 milhões de sacas do mercado, ainda são prematuras, pois é preciso primeiro aguardar o comportamento do mercado nos próximos meses.

O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil(CeCafé), Guilherme Braga (foto), elogiou as medidas anunciadas pelo governo para reduzir uma pressão de oferta logo após a colheita, "pois vieram no momento certo". Ele diz que a forte queda das cotações do café nos últimos meses se deve a fatores macroeconômicos, como a crise financeira na zona do Euro, "uma vez que os fundamentos do mercado continuam firmes".

O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, afirmou que os recursos disponibilizados pelo Funcafé (R$ 200 milhões) para financiar o capital de giro das micro e pequenas torrefações permitirá às empresas conviver com a alta de custos da matéria-prima sem comprometer a qualidade do produto final. Ele diz que o setor convive com o empobrecimento das pequenas empresas, que enfrenta dificuldades para repassar os aumentos de custos para o varejo.

Nathan Herszkowicz (foto) disse que o setor está reivindicando ao governo uma linha de crédito especial, possivelmente do BNDES, para financiar a modernização do parque industrial das pequenas torrefações, o que permitiria concorrer inclusive no segmento de cafés especiais, que está em expansão. Ele destacou a importância das mais de 400 torrefações para a estabilidade no mercado de café, pois consomem 40% da produção nacional, "sem oscilações de preços como se vê no mercado internacional".

Fonte: Agência Estado

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