Empresa planeja negociar colhedora por sacas de café

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A Jacto vai permitir o pagamento em produto como alternativa para vender sua nova colhedora de café, apresentada nesta terça-feira (14/4), na sede da empresa, no município de Pompeia (SP). As operações de barter – ainda sem data para começar a funcionar – ainda estão sendo estruturadas pela fabricante de máquinas. Segundo a direção comercial, é a primeira vez que a companhia adota este tipo de ferramenta na comercialização de seus equipamentos.

O diretor comercial, Valdir Martins da Silva, explica que a estrutura da operação está em fase de finalização. A fabricante negocia com tradings que devem ser parceiras no projeto. “Estamos analisando as melhores propostas. A cafeicultura tem um modelo de comercialização que viabiliza esse tipo de operação”, diz ele. Outras possibilidades de aquisição são o consórcio e linhas de crédito oficiais, como o Moderfrota. O valor da máquina para a colheita de 2016 é de R$ 875 mil.

Mas não foi só o perfil comercial da cafeicultura brasileira que motivou a decisão da empresa. A nova máquina chega ao mercado em um momento de incerteza e preocupação com fatores importantes para o setor, entre eles o crédito para a nova safra. A tendência é de aumento dos juros para o ciclo 2015/2016.

O presidente do Conselho de Administração da Jacto, Jorge Nishimura, reconhece que a situação levou a pensar em outras possibilidades. “Vamos buscar todas as alternativas de comercialização. Quando nós encontramos uma dificuldade, temos que transpor. O mercado muda muito rapidamente. Se fecha o financiamento, temos que pensar em algumas alternativas”, afirma Nishimura.

Diante da atual situação econômica, o cenário para 2015 do mercado de máquinas agrícolas de um nodo geral ainda está “sem muita clareza”, avalia o empresário. O primeiro trimestre já foi mais fraco do que em igual período do ano passado. Situação semelhante deve ser vivida em 2016. No entanto, ele acredita em uma reversão a partir de 2017. “Os negócios na área agrícola são cíclicos. Estamos olhando em uma distância maior. Como somos uma empresa familiar, o resultado de curto prazo, às vezes, não importa muito. Nossa visão é de longo prazo”, diz.

O diretor comercial, Valdir Martins da Silva, reforça que o ritmo do mercado está menor, mas ressalta que o desempenho até este momento está dentro do esperado pela empresa, que já considerava o cenário econômico adverso. Para ele, apesar de as taxas de juros de programas como o Moderfrota terem sido aumentadas ainda para esta safra, foi melhor do que deixar o setor na indefinição. “Nos primeiros grandes eventos do ano, não tínhamos uma definição (das taxas). É melhor assim. Estamos olhando para um ano 15% menor que no ano passado, mas se conseguirmos cumprir o nosso planejado, para nós será positivo”, garante o executivo.

Multiuso
De acordo com a direção da Jacto, o desenvolvimento da colhedora apresentada nesta terça-feira começou em 2010, um ano depois da pesquisa de mercado. A promessa é de um equipamento multiuso que, além da colheita, poderá ser usado em outras etapas do manejo da lavoura, como pulverização e poda. Ainda conforme a fabricante, máquina entra em lavouras tradicionais e adensadas, com espaçamento de até 2,5 metros entre as linhas, em terrenos com até 20% de declividade. Possibilita também a descarga do café colhido sem interrupção do trabalho.

O lançamento oficial será na Agrishow, no final de abril em Ribeirão Preto (SP). No entanto, dez unidades já foram vendidas neste ano como um “lote piloto” e, segundo a direção, a empresa já trabalha com a demanda para o ano que vem. Para 2016, a expectativa é comercializar entre 30 e 50 máquinas. Em dez anos, espera vender de 800 a 1.200 unidades.

Ainda para 2015, está nos planos colocar no mercado um lote piloto da plataforma de pulverização que pode ser acoplada à máquina e que ainda está em fase de desenvolvimento. O objetivo, segundo o gerente de produto da área de colhedoras da Jacto, Walmi Gomes Martin, é comercializar em maior escala a partir de setembro de 2016, “dependendo das condições do mercado”. A plataforma de poda, também adaptável, deve estar disponível até 2018. “Vamos desenvolvendo na sequência”, diz.

Fonte: Redação Globo Rural (Raphael Salomão)

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