Diminui a intenção de compra dos consumidores

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Menos otimismo com o mercado de trabalho e com a preservação da renda, além do impacto cambial, derrubou a disposição de compra das pessoas, segundo pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Os indicadores ainda estão no campo positivo, mas são os piores dos últimos 42 meses, quando o levantamento começou a ser feito.

Entre junho e julho, o nível de consumo caiu 2,7% – e, comparado a julho de 2012, cedeu 9%. A perspectiva de consumo caiu 5,2% no mês e 11% em relação a julho de 2012. Mas a Intenção de Consumo ainda é de 124,9 pontos – e, acima de 100, está no campo positivo.
Segundo a pesquisa, crédito e juros provocam desânimo dos consumidores: "O fim gradual da desoneração fiscal e o impacto da desvalorização cambial nos últimos meses sobre os preços de bens duráveis provocaram, mais uma vez, queda da intenção de consumo desses bens".

Entre os que ganham acima de dez salários mínimos por mês, a queda na intenção de consumo foi de 5,7% e entre aqueles com menos renda o recuo foi menor, de 3,7%.
A classe média, mais bem informada sobre os indicadores econômicos e a deterioração da situação fiscal, está mais preocupada com o futuro e, por enquanto, prefere ampliar a poupança a consumir mais. É um aspecto ruim para o comércio, mas também para a política econômica oficial, que até agora privilegiou o consumo – cujo esgotamento é por demais evidente.

Outros indicadores da intenção de consumo, da FGV e da CNI, apontaram na mesma direção do levantamento da CNC. Não parece iminente um quadro de crise, mas a tendência é de esfriamento da disposição de consumo, seja porque grande parte das famílias já substituiu os bens que se deterioraram, seja porque a preferência é pela reorganização do orçamento doméstico, desequilibrado devido à alta de preços, em especial de alimentos, nos últimos dois semestres.

A política econômica poderia contribuir para a melhora do humor dos consumidores. Mas, para isso, seria preciso uma mudança radical na postura das autoridades. Por ora, o Banco Central faz a lição de casa, eleva juros na tentativa de evitar que a inflação fuja do teto da meta, mas não busca o centro da meta. Uma política de contenção fiscal daria suporte à política monetária e ajudaria a restaurar a confiança dos consumidores, mas talvez não atenda os planos polïticos do Planalto.

O Estado de S.Paulo

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