Crise faz produtor destruir mais de um milhão de pés de café para criar gado

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A crise na cafeicultura levou um produtor rural de São José do Rio Pardo (SP) a destruir uma plantação com mais de um milhão de pés de café para criar gado. Os cafeicultores acreditam que esta é a pior crise que o setor enfrenta nos últimos anos. Na cidade, 10% dos agricultores abandonaram as lavouras e os prejuízos também geraram demissões nas fazendas.

Luciano Ribeiro era o administrador da fazenda de 250 hectares que foi vendida há dois meses depois que o proprietário teve um prejuízo de R$ 3 milhões na última safra. “O preço do café não foi o que ele esperava e ele teve que vender para diminuir o serviço, porque não tinha dinheiro para tocar. Dá dó de ver, mas o preço não ajuda e a mão de obra está muito cara”, disse.

O novo dono decidiu acabar com a plantação e vai semear capim para criação de gado. José Reinaldo Sandrini afirma que já teve fazenda de café em Minas Gerais, mas resolveu trocar de ramo. “A maioria da lavoura estava muito antiga, tinha que erradicar e plantar de novo, mas o preço não anima”, afirmou.

Preço
Segundo a Cooperativa de Crédito Agrícola (Cooxupé), a saca de café custa ao produtor mais de R$ 300 e era vendida a R$ 347 no ano passado, mas, atualmente, é vendida a R$ 248. A perda de mais de R$ 100 tem pesado no bolso. “Os produtores estão erradicando a lavoura, abandonando, outros não vão fazer os tratos culturais”, destacou o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais, Nelson Vedovato.

Ele não acredita que a situação irá melhorar. “Nós estamos tendo demissão dos funcionários das propriedades, então esse funcionário vai ficar sem emprego em um mês, dois meses e isso vai trazer um problema social”, disse.

Medidas
Em agosto, a presidente Dilma Rousseff anunciou medidas que deveriam tirar a cafeicultura da crise. Uma delas foi a liberação de recursos para a política de preço mínimo. A Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério da Agricultura reconheceu que até hoje nenhum dinheiro foi liberado para que seja posta em prática a política de preço mínimo anunciada pela presidente. A informação é de que ainda falta regulamentar como será feita a compra de café de pequenos produtores e não há prazo para que isso aconteça, segundo o Ministério.

Fonte: G1 São Carlos e Araraquara

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