Corte de orçamento ameaça análise sensorial do café

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Após o adiamento por dois anos do início da análise sensorial do café, o Ministério da Agricultura tem um novo obstáculo para completar a instrução normativa 16/ 2010, em vigor desde anteontem e que estabelece o novo padrão oficial de classificação do café brasileiro.

É que os cursos para treinamento dos 340 classificadores credenciados para avaliação do produto sob aspecto do sabor, aroma, acidez, entre outros pontos, estão ameaçados pelo corte de R$ 50 bilhões no orçamento do governo federal.

O treinamento exigido pela norma foi o principal motivo para o adiamento. O pedido foi feito pela indústria brasileira, após apontar a falta de profissionais e considerar o método subjetivo. Durante os dois anos, o ministério acredita que poderá regularizar a norma.

A informação foi confirmada pelo secretário de produção e agroenergia do ministério, Manoel Bertone. "Os recursos podem ser objeto do corte, mas vamos buscar a preservação dessas, e buscar as parcerias para que seja feito [os cursos]", disse.

Bertone não soube informar os valores dos cursos. Disse apenas esperar que o tempo seja suficiente para fazer os treinamentos.

Segundo o coordenador geral de qualidade vegetal do ministério, Fábio Florêncio Fernandes, ainda não há previsão para os gastos.

O ministério espera que os cursos sejam retomados a partir de março. A previsão é realizar cursos em universidades federais, institutos agronômicos e sindicatos de Estados produtores de café.

Novas Normas

As outras regras da instrução normativa, como avaliação da pureza e da umidade, já estão valendo. No entanto, o ministério ainda não fixou os prazos para as primeiras avaliações.

Para que um produto seja considerado de qualidade, é necessário apresentar o percentual máximo de 1% de impureza (restos de paus, folhas) e de 5% de umidade.

Para o presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Almir José da Silva Filho, o ministério compreendeu a preocupação dos fabricantes para obter bons resultados sem incorrer em análises subjetivas.

Por outro lado, ele afirmou que as avaliações do café reforçam as iniciativas da Abic, "para combater a adulteração, melhorando a qualidade do café". Atualmente, o selo de pureza da Abic certifica 1.075 marcas de 454 indústrias associadas.

O presidente da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa, afirmou que as novas regras afetarão os pequenos produtores. "Os grandes produtores têm regras muito rígidas de qualidade. Já os pequenos terão de se adequar".

Fonte: Coffee Break

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