Cooperativas atuam junto ao produtor para levar conhecimento às lavouras de café

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A adoção ao longo dos anos de novas práticas, técnicas, maquinários e insumos para controle de pragas, fez com que a produtividade do café aumentasse consideravelmente no Sul de Minas nas últimas décadas. Tanto que a região se tornou a maior produtora do país. O surgimento de novas tecnologias e o trabalho feito junto ao produtor, diretamente no campo, contribuíram para esse avanço. Grande parte deste avanço está relacionado à atuação das cooperativas na região.

“Eu atuo na cafeicultura há mais de 40 anos. Acompanhei o avanço do café na região de Machado (MG) desde a cafeicultura tradicional. Com o passar dos anos, nós tivemos os planos de expansão de cafezais e uma evolução permanente de produtividade, mecanização, novos insumos, diminuição da mão de obra latente. Antes nós trabalhávamos com 10, 12 sacas por hectare. Hoje trabalhamos com 26, 27”, diz o engenheiro agrônomo da Cooperativa Agrária de Machado, José Pinheiro Lourenço.

Hoje, além de facilitar o acesso do produtor às novas tecnologias e insumos que são necessários na lida diária, as cooperativas ajudam a disseminar o conhecimento para o melhor manejo da cultura.

“Por que a gente tem uma equipe grande no campo? Porque a gente tem certeza que o produtor às vezes não têm acesso ao conhecimento necessário. A tecnologia no campo também é muito dinâmica, tem muita coisa nova. Nós saímos de 9 sacas por hectar em 1970 para uma média de 26, 27 hoje em dia. Com certeza (o aumento da produtividade) se deve à presença das cooperativas. Você pega uma Cooxupé, uma Minasul, uma Cocatrel, uma Coopama, cooperativas que têm presença no café, que vão levar esse conhecimento para o produtor e fazer que ele acesse o que é necessário”, diz o diretor administrativo e superintendente da Coopama, em Machado, Fernando Caixeta Vieira.

Segundo diretor de cooperativa, instituições ajudam produtor a melhorar qualidade e produção no campo (Foto: Lucas Soares)
Segundo diretor de cooperativa, instituições ajudam produtor a melhorar qualidade e produção no campo (Foto: Lucas Soares)

A cooperativa da região de Machado tem 73 anos de existência e atua em 43 municípios. Além da assistência que é levada ao produtor diretamente no campo por mais de 40 técnicos, a instituição facilita o acesso do pequeno produtor a ferramentas como o mercado futuro, onde o agricultor consegue saber o quanto vai receber pelo café nos próximos meses. Dos mais de 2 mil cooperados, 76% representam a agricultura familiar, pessoas que vivem e dependem da renda do café para sobreviver.

“Normalmente são produtores que têm pouco acesso ao conhecimento e o nosso papel é elevar esse conhecimento, essa bagagem, a sustentabilidade deles, porque o negócio menor tem que ser mais cuidado, tem que agregar mais valor ao produto. A cooperativa também regula o mercado, que são produtos essenciais, combustível e outras áreas que a gente atua, fertilizantes, a gente baliza o mercado. Sem a presença da cooperativa, as revendas acabam explorando o produtor. A cooperativa cria um volume de compras bastante grande e a gente consegue junto aos fornecedores repassar esses produtos ao mercado em um preço adequado, em um preço justo”, diz Vieira.

Combate a doenças
Um dos trabalhos realizados pelas técnicos das cooperativas no campo é o combate adequado às doenças que atingem o cafeeiro. Entre elas está a ferrugem, que é a principal doença que atinge as lavouras e também a broca-do-café, nome popular que é dado ao besouro cuja larva se alimenta das sementes da planta.

Broca-do-café, que destrói sementes do cafeeiro, é uma das doenças que afetam as lavouras (Foto: Lucas Soares)
Broca-do-café, que destrói sementes do cafeeiro, é uma das doenças que afetam as lavouras (Foto: Lucas Soares)

“Quando nós tínhamos produtos favoráveis ao controle, a broca não chegava a ser uma coisa determinante. Hoje, na situação em que estamos, ela é limitante. Nós tínhamos um produto de controle que foi simplesmente banido e ainda não há no mercado outro que tenha a mesma eficiência. Os que existem no mercado, ou são muito agressivos ou não têm a mesma eficiência”, diz o engenheiro agrônomo Pinheiro.

A importância de se fiscalizar e estar junto ao homem do campo para o controle de doenças é para evitar prejuízos. A ferrugem, por exemplo, ataca as folhas da planta e pode levar à perda de colheitas e plantações inteiras.

“A principal doença do café ainda é a ferrugem. Mas a ferrugem é controlável, desde que seja feita nas épocas certas. Em uma lavoura sem controle, a cada 4 anos, você perde uma safra. Se somar o prejuízo que a ferrugem provoca, o produtor perde a safra”, completa o engenheiro agrônomo.

Fonte: G1 Sul de Minas (Por Lucas Soares)

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