Com queda nos preços do café, produtores de Minas Gerais tentam reduzir custos de produção

Imprimir

É uma nova realidade de mercado que pressiona os cafeicultores antes mesmo de começar a colheita da safra 2012/2013. Para um hectare de café já em produção, o custo operacional vai de R$ 8 mil em cafezal mecanizado até quase R$ 10 mil nas áreas de montanha. Os produtores fazem o comparativo entre produzir café e grãos. O custo da soja fica perto dos R$ 3 mil o hectare.

Na hora da adubação, a desvantagem também é grande. O trator passa no cafezal e consegue, no máximo, 15 hectares por dia. Se esta lavoura fosse de cereais, o mesmo tratorista faria cerca de 120 hectares.

Na hora de colher, o comparativo entre café e soja também impressiona. Uma máquina, por exemplo, em uma região acidentada, chega colher entre 20 e 25 hectares por dia. No caso do café, uma máquina de última geração colhe no máximo dois hectares/dia. Por isso, o custo da cafeicultura é tão elevado.

O produtor Virgilio Caixeta, que mantém um cafezal tradicional em Machado, no sul de Minas Gerais, está fazendo a terceira adubação do café para garantir a produtividade. Gastou, no ano passado, R$ 405 por hectare. Hoje, gasta R$ 515. Um investimento necessário, mas que vem somando na conta para cada talhão de café.

– A gente não esperava que fosse cair tanto o preço do café. Chegou a patamares bem altos. A gente esperava que fosse dar uma redução, mas não tanto. Todo ano sobe mão de obra, adubos, óleo diesel, e a gente não está conseguindo elevar a produção por fatores climáticos. Então, nossos custos vêm subindo. Com a produção, a gente não consegue ter muito ganho de produtividade, então nós estamos numa fase preocupante — diz Caixeta.

Celso Rossi Júnior tem 50 hectares. Colheu, na última safra, 1,9 mil sacas. Sabe que não dá para fazer aventuras no mercado. As contas na ponta do lápis não fecham com os preços de hoje.

— A relação custo benefício é bastante precária. Hoje, nós trabalhamos no vermelho, e mesmo se expurgarmos a depreciação juros sobre capital circulante de nossos custos, mesmo assim, nós trabalhamos numa condição de custo beneficio desfavorável — fala Rossi.

O cafeicultor faz parte de um movimento que está saindo das montanhas para plantar café em áreas mecanizáveis, com o intuito de reduzir os custos.

— Estou apenas com o café mecanizado. Não há a mínima condição de nós continuarmos a tocar as lavouras que são lavouras de montanha.

Com a dificuldade de manter os investimentos no manejo das lavouras de café, o cafeicultor brasileiro perde competitividade na hora de exportar.

— Estamos competindo com o Vietnã, que é o segundo maior produtor, que é um país comunista que as pessoas têm um dois hectares de café com alta produtividade, a maioria irrigado, e que um trabalhador rural ganha US$ 8 por dia e não tem registro de carteira, não conhece este tipo de coisa. Quer dizer, um custo de produção de R$ 80 a R$ 100 vendem pelo dobro ganhando muito dinheiro. E nós, no Brasil, vendemos café a R$ 300, e nosso custo de produção altíssimo — diz o presidente do Centro do Comércio de Café de Minas Gerais, Arquimedes Coli Neto.

De toda a cadeia produtiva do café, poucos se arriscam a dar uma expectativa de melhora no mercado no curto prazo. Mas tem quem arrisque interpretar a atual realidade de estagnação com uma pitada de esperança.

— Está havendo um excesso de produção do robusta tanto aqui dentro como lá no Vietnã, que está depreciando o preço. Eu acredito que dificilmente vamos ver os preços de R$ 500, mas que vai haver uma melhora nos preços, eu acredito. Agora, se perguntar quando vai ser a melhora, aí é difícil — comenta o presidente da Cooperativa de Produtores de Café no Sul de Minas Gerais (Cooxupé), Carlos Paulino da Costa.

Fonte: Canal Rural

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *