Clima já impacta safra de café em Minas e no País

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A escassez hídrica e as altas temperaturas já impactam de forma negativa no potencial produtivo dos cafezais para a safra 2018. As primeiras chuvas registradas no início de outubro estimularam a florada, porém, com o novo período de estiagem e as temperaturas elevadas, o desenvolvimento dos cafezais vem sendo prejudicado. Com isso, as estimativas iniciais de que em 2018 o País e Minas Gerais poderiam colher um volume recorde de café já foram descartadas. O assunto foi discutido durante a Semana Internacional do Café (SIC), que aconteceu na última semana, em Belo Horizonte.

De acordo com o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente das comissões de Cafeicultura da Faemg e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Breno Mesquita, aproveitando o espaço da SIC, foi realizada reunião conjunta da CNA e Faemg com representantes da cafeicultura dos estados da Bahia, Espírito Santo, Rondônia, Paraná e São Paulo. Dentre os assuntos, um dos destaques foi a falta de chuvas na maior parte das regiões produtoras de café do Brasil, o que já vem comprometendo o rendimento da safra 2018.

“É sabido que a safra 2017 foi de ciclo baixo e todos nós estávamos esperando uma safra muito boa para 2018, alguns mais otimistas falavam de uma supersafra e um novo recorde produtivo de café. Nós tivemos, há algumas semanas, uma chuva boa, houve a florada muito boa, mas depois da florada é preciso que haja umidade para que se consolide da flor para o futuro fruto. O que nós vimos, em quase todas as regiões do Brasil, foi exatamente o contrário: a falta de chuvas e, o pior, acompanhada de altas temperaturas”.

Ainda segundo Mesquita, os relatos dos produtores são de que a supersafra não existe mais. A questão agora é de quanto será a perda. “Perdas na safra que vem é uma constatação já consolidada, a tendência é que, se não chover logo, estas perdas vão aumentar gradativamente. Mesmo que ocorra a regularização das chuvas, não haverá recuperação do que foi perdido”, avalia.

Em relação à safra 2017, os números já estão consolidados. No período, Minas Gerais foi responsável por um volume de 24,37 milhões sacas de 60 quilos, recuo na produção cafeeira de 20,7% em relação à safra 2016, quando o Estado foi responsável pela produção de 30,7 milhões de sacas. O Estado é o maior produtor nacional e respondeu por 54% da safra brasileira de café.

Preços

Um dos desafios para a temporada 2018 será o preço do café. De acordo com Mesquita, mesmo com estoques baixos, consumo crescente e a produção menor em 2017, a cotação do café seguiu abaixo do necessário para garantir margem aos produtores.

“Se levarmos em conta o consumo interno de 20,5 milhões de sacas de 60 quilos e as exportações, que giram e torno de 30 milhões de sacas, nós não temos estoques. Apesar disso, o mercado não reage devido às especulações erradas. Para 2018, já estamos registrando perdas em função da falta de chuvas e da florada, que foi prejudicada, e essa perda pode ser ainda maior. Diante desse cenário, ainda tem pessoas fazendo previsão de uma safra de 60 milhões a 65 milhões de sacas. Isso lesa, são coisas que as pessoas fazem para causar pane no mercado e baixar os preços do café e o produtor sempre é o mais prejudicado por essas especulações irresponsáveis”, explicou Mesquita.

Diante do cenário de preços nada animadores, os representantes da cafeicultura de Minas Gerais e do Brasil pretendem criar mecanismos e instrumentos que garantam a comercialização gradativa da safra 2018.

“Queremos realizar um trabalho junto ao governo e, principalmente, utilizar os recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), que devem ser de R$ 6 bilhões, para fazer uma política que chegue ao produtor e permita uma melhor comercialização da safra da 2018”.

Fonte: Diário do Comércio (Por Michelle Valverde)

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