Cepea: preços oscilam em abril, mas café arábica fecha com nova alta

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As cotações do arábica oscilaram com força no correr de abril, acompanhando o cenário externo, mas os preços da variedade acabaram acumulando o quinto aumento consecutivo. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto em São Paulo, teve média de R$ 449,45/saca de 60 kg em abril, alta de 2,72% em relação ao mês anterior. As oscilações nos preços externos do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures) foram resultado das incertezas quanto ao tamanho da safra brasileira 2014/15. O preço ainda não deverá ter tendência clara enquanto os cenários nacional e mundial de produção não estiverem bem definidos. A média de todos os contratos na Bolsa de Nova York em abril foi de 201,16 centavos de dólar por libra-peso, alta de 6,7% em relação a março. O dólar teve média de R$ 2,232 no mês, baixa de 4,04% na comparação com o do mês anterior.

Baixa produção nacional de café deve reduzir estoques em 2014/15
O setor cafeeiro mundial em abril continuou de olho no volume de café a ser colhido no Brasil na safra 2014/15. A redução na temporada do maior produtor mundial pesa na disponibilidade global, além de diminuir a oferta interna do grão. Diante disso, tem havido receio de que haja um déficit de oferta de café, o que resultaria em queda dos estoques.

Segundo estudo encomendado pelo Conselho Nacional de Café (CNC) junto à Fundação Procafé, divulgado em abril, a produção brasileira na safra 2014/15 (arábica e robusta) pode totalizar entre 40,1 e 43,3 milhões de sacas de 60 kg. As entidades tomaram como base a estimativa de 46,5 a 50,1 milhões, divulgada em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentando número 13,7% menor. A redução foi explicada, sobretudo, pelo clima quente e seco que castigou as principais regiões produtoras de café no início deste ano, especialmente em janeiro e fevereiro.

De acordo com o estudo do CNC, a temporada brasileira 2015/16 também pode já estar comprometida devido à estiagem. Considerando-se o intervalo médio da produção estimada pelo CNC, de 41,7 milhões de sacas, simulações do Cepea indicam que os estoques nacionais na safra 2014/15 ficariam extremamente reduzidos ou, até mesmo, seriam totalmente consumidos.

Em termos globais, os estoques ainda seriam relativamente confortáveis, mas também ficariam menores. Essas perspectivas já foram assimiladas pelo mercado e impulsionaram as cotações de café nos mercados externo e interno, apesar das oscilações em alguns momentos.

Agentes do setor consultados pelo Cepea comentaram que, em abril, ainda era cedo para quantificar com certeza as perdas ocasionadas pela seca – um cenário mais claro seria possível apenas quando os grãos fossem colhidos. No entanto, preliminarmente, agentes acreditavam que a redução estimada pelo CNC, de 13,7%, poderia estar próxima da realidade. Caso os dados se concretizem, o volume será 15,1% inferior às 49,1 milhões de sacas estimadas pela Conab para 2013/14.

Vale lembrar, no entanto, que, no final de 2013, boa parte dos agentes do setor apostava em produção entre 50 e 55 milhões de sacas, acima da estimada pela Conab. Assim, considerando-se a mesma redução de 13,7% sobre o intervalo de aposta do setor, a simulação indicaria uma produção em torno de 45 milhões de sacas. Com esse volume, os estoques nacionais ficariam em patamares um pouco mais confortáveis, mas, ainda assim, com uma relação justa no balanço de oferta e demanda, o que ainda daria espaço para alta nos preços.

Fonte: Cepea/Esalq USP via CNC

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