Cafeicultores baianos inadimplentes têm incentivo para regularizar dívidas

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Um convênio entre o governo da Bahia e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) assinado na segunda-feira (12) durante a abertura do 13º Simpósio Nacional do Agronegócio Café (Agrocafé), no Hotel Pestana, em Salvador, vai beneficiar cerca de três mil produtores de café no estado, inclusive os que estão com dívidas por causa das safras anteriores.

No evento, que termina nesta terça-feira (13) e reúne aproximadamente mil pessoas, foi também assinado outro convênio entre o governo, a Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb) e o Instituto de Pesquisas do Espírito Santo para implantação de uma estação experimental em Itabela, para beneficiar 2.500 produtores de café.

Presente ao simpósio, o governador Jaques Wagner afirmou que a realização do Agrocafé na Bahia é um reconhecimento da qualidade e da produção do estado. “Somos o quarto maior produtor do país e no ano passado aumentamos a nossa produção para 160 mil toneladas. Na balança comercial, nosso café é superavitário e a gente tem desde o café mais simples, até os mais refinados, orgânicos e gourmet”.

Para ele, a Bahia precisa investir na consolidação da marca do café produzido no estado e na verticalização da produção. “Há alguns países que não produzem café e se especializaram na moagem, agregando valor ao produto. Entendo que a gente precisa fazer a mesma coisa”.

Wagner disse que a produtividade cresceu, mas a área plantada não, mostrando uma maior competitividade do café baiano. “Isso é o mais correto, inclusive ambientalmente, na medida em que você gasta menos solo e produz mais”.

Segundo o governador, o agronegócio baiano cresceu 9% em 2011, enquanto o crescimento do PIB estadual foi de 2%, sendo um dos fatores que alavancaram o crescimento, com a queda nos segmentos da celulose e outras indústrias, devido à crise econômica mundial”.

Desenvolvimento da cafeicultura tem planejamento para os próximos 20 anos

O secretário da Agricultura, Eduardo Salles, declarou que nos últimos dois anos o governo estadual vem consolidando as ações focadas na cafeicultura. “Em 2011, pelo comprometimento e pela geração de emprego e renda proporcionada por este segmento, foi necessário fazer um grande diagnóstico da cafeicultura, para sabermos onde e como atuar. Vimos que cada região tem suas dificuldades, e a partir daí, junto com a Câmara Setorial do Café, fizemos um planejamento para os próximos 20 anos”.

Nos últimos anos, segundo Salles, os preços baixos do café fizeram com que os pequenos agricultores não conseguissem custear suas lavouras, ficando inadimplentes. “Hoje, estamos assinando um convênio com o ministério que se refere à reestruturação da cadeia do café, prevendo para três mil cafeicultores familiares, nos próximos quatro anos, a resolução do problema de custeio, incluindo fertilizantes, podas e a pós-colheita, principalmente para os pequenos agricultores que estão inadimplentes e que ao longo destes anos não conseguiram suportar as suas lavouras com os tratos culturais necessários”.

Verticalização

A Bahia produz um café que pode ser vendido por R$ 200 ou R$ 400 a saca, a depender do beneficiamento. “Então, com máquinas para despolpa, terreiros cobertos, vamos melhorar este valor. Também estamos trabalhando a estruturação das cooperativas, para que seja possível fazer as vendas institucionais. Queremos vender este café torrado para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e para a merenda escolar”, disse o secretário.

O outro convênio assinado, de acordo com Salles, foi com a Faeb e com o Instituto de Pesquisas do Espírito Santo, montando uma estação experimental para 2.500 agricultores do extremo sul baiano. “Será no município de Itabela e vai contar com a participação da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb)”.

Bahia deve ultrapassar São Paulo e assumir terceira colocação

A expectativa do presidente da Associação dos Cafeicultores da Bahia e secretário-executivo da Câmara Setorial do Café, João Lopes, é que a Bahia ultrapasse São Paulo, assumindo o terceiro lugar no ranking nacional em produção. “Entretanto, o mais importante no nosso trabalho é que estamos produzindo café de qualidade. Precisamos que o produtor trabalhe agregando valor ao que ele faz. Por isso, anunciamos no simpósio o 11º concurso de qualidade. O produtor, sabendo como fazer, vai ganhar dinheiro”.

Harley Caires, de Barra da Estiva, na Chapada Diamantina, contou que os agricultores da região estão satisfeitos. Eles formam uma associação de pequenos produtores que trabalham em propriedades entre três e dez hectares. “O governo da Bahia está criando novos investimentos na agricultura familiar e isso vai ajudar na produção e na qualidade do nosso café. Com isso melhora a qualidade de vida da nossa comunidade e do nosso município, que tende a crescer. Agora mesmo, em abril, vai ter o quarto encontro dos produtores rurais de Barra da Estiva”.

Participam do evento pesquisadores, professores, estudantes, produtores, empresários e profissionais do agronegócio café, abordando aspectos do associativismo e cooperativismo, planejamento e gestão agropecuária, entre outros temas. Além de palestras, são realizados debates e minicursos.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social do Estado da Bahia

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