CAFÉ NÃO APROVEITA O MACRO POSITIVO

Pronto, tudo resolvido na Europa: os detentores das dívidas gregas receberão apenas 50% do valor de face dos títulos que detém, e a pressão agora aumenta para que Itália e Espanha façam a lição de casa. Fácil, não é?! Yeah, right!

Ainda que não exista uma resolução que resolva os problemas rapidamente, parece que os políticos da zona do Euro estão se esforçando para acertar ao menos o rumo, evitando (momentaneamente) o colapso da moeda comum e uma derrocada do setor financeiro.

Do outro lado do Atlântico os Estados Unidos colocam as esperanças em uma eventual ameaça de troca de partido (e presidente) na próxima eleição, já que esquerda e direita não conseguem convergir em pontos que possam ajudar a economia (e o cidadão). Os protestos locais, com o mais “famoso” chamado “Ocupem Wall Street”, nada mais é do que uma reunião de pessoas que (infelizmente) sem perspectivas comem “donuts” juntos duas vezes ao dia. Os manifestantes não tem uma agenda com propostas, e também não tem apoio político para promover algo mais. Com a chegada do frio este pessoal deve voltar para casa logo.

As bolsas de ações subiram forte nos últimos cinco dias com as notícias da Europa e com a divulgação do crescimento de 2.5% do PIB americano no terceiro trimestre do ano, melhor do que os 1.3% do trimestre anterior.

Os índices de commodities também tiveram um forte desempenho, liderados pelos metais e energia. O patinho feio foi justamente o café, que perdeu US$ 12,83 por saca em Nova Iorque. A BM&F perdeu apenas US$ 3.70 por saca, trazendo a arbitragem para US$ 12.20 positivos (São Paulo mais caro do que os “suaves” na ICE).

Os participantes têm se assustado com a volatilidade do mercado, sofrendo oscilações diárias entre US$ 4 e quase US$ 20 centavos por libra-peso. Os fundos bem que tentaram dar uma ajuda aos altistas recomprando boa parte da sua posição vendida, mas segundo o COT (relatório de posicionamento dos traders) os comerciais aproveitaram para vender, o que parcialmente se explica pela movimentação do físico.

O mercado local brasileiro viu um pouco mais de café fluindo, mas não a diferenciais que sejam compatíveis com o mercado FOB (este último nominal). Isto nos faz crer que a atividade tem mais a ver com uma dolorosa cobertura de diferenciai (em maior parte) e de coragem de alguns agentes em comprar o físico apostando em uma recuperação dos terminais.

Um torrador italiano disse durante a semana que a bolsa deve cair para baixo de US$ 200.00 centavos por libra, apontando para uma safra brasileira mais baixa do que a maioria – 55 milhões de sacas – não entendi muito bem. Um influente “dealer” comentou em seu relatório sobre uma retração da demanda na Europa, um dado preocupante, mas que precisa de mais detalhes para uma melhor análise.

Como nosso caro leitor pode perceber, não há muitas coisas novas para falarmos. O mercado internacional neste momento parece estar descontando a perspectiva de uma safra grande brasileira, assim como aguarda a chegada de café de outras origens. A percepção de muitos é de que a cobertura do torrador nos principais mercados consumidores está longe de confortável, o que logo pode se traduzir em uma onda de compra dos mesmos.

Por ora parece que o intervalo de negociação do “C” ficará entre 230 e 270, sendo que provavelmente a visita ao ponto mais alto deva apenas ocorrer no primeiro trimestre de 2012.

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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