Café na BM&F acumula queda de US$ 40/saca, influenciado pelo pessimismo do cenário macroeconômico

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O café é a commoditie que demonstrou pior desempenho neste ano na BM&FBovespa, com queda de cerca de 20% desde janeiro, em direção à maior queda trimestral desde junho de 1998.

Em março, diferente do movimento da maioria das commodities agrícolas, o café terminou o mês acumulando perdas, registrando a maior queda desde outubro de 2008 na BM&FBovespa, chegando a mínima a 226,30 no dia 23 de março.

No mês, o café trabalhou no range de US$ 226,30 e US$ 268,35, encerrando o período com queda de US$ 40,60/saca. Em NY, o mercado oscilou de 174,45 a 205,10, encerrando o mês cotado a 182,45, com 2.050 pontos de desvalorização.

Os principais fatores de influência para tal movimento do café são:

Pessimismo do cenário macroeconômico, diante incertezas quanto à recuperação de países da zona do euro e recuperação da economia norte americana, além do anúncio de redução da expectativa de crescimento da China, país com grande potencial consumidor de matéria-prima.

Outro ponto são as posições de fundos, que olhando para a perspectiva de safra do Brasil, de 49 a 53 milhões de sacas segundo a Conab, acreditam na desvalorização da commoditie com aumento de oferta do produto.

Nas duas últimas semanas do mês, foi observado um movimento de vendas novas por parte de fundos, além de stops de comprados, fazendo o mercado atingir a mínima do mês, a 174,45 em NY.

Após forte queda, um movimento de compras por parte de fundos, como realização de lucros, fez o mercado dar uma respirada no início da ultima semana do mês. A realização de lucro observada no encerramento do trimestre também é fator de influência.

Notícias altistas quanto aos fundamentos até passaram pelo mercado neste mês, porém não tiveram muito peso sobre o movimento observado. Começaram a surgir preocupações quanto ao clima no Brasil, que pode prejudicar a colheita, reduzindo o volume a ser colhido, mas ainda é cedo para dar credibilidade a tais informações.

Uma coisa é certa, a oferta mundial de café segue restrita, e a demanda aquecida. Além disso, acredita-se que a safra brasileira não inundará o mercado. Segundo diretor executivo da Organização Internacional do Café, Robério Silva, o Brasil deverá produzir um pouco mais de 50 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2012/13.

O fato de o Brasil produzir uma safra recorde é relativo. Se os estoques continuam apertados e a demanda aquecida (principalmente em países emergentes) uma safra recorde não é justificativa para desvalorização, pois não suprirá demanda. De acordo com um relatório divulgado pelo grupo Societe Generale, o excedente produzido no próximo ano safra deverá ser inferior a 1 milhão de sacas.
Os estoques de café no Brasil e nos países importadores continuam diminuindo e podem chegar a níveis críticos no final da entressafra. Os estoques em países exportadores estavam em 17,4 milhões de sacas no início da temporada 2011-12, nível mais baixo já registrado. Os estoques de países importadores estavam em 22,3 milhões de sacas. (OIC).

Sendo assim, mesmo que os fundamentos do café não tenham sido suficientes para impulsionar os preços da commoditie no período analisado, eles deram certa firmeza impedindo quedas mais acentuadas.

Posição de fundos
Em relação ao Commitiments na ICE Futures, em março os fundos (Suplemental) saíram de 15.852 short no dia 6, para 19.008 short no dia 27, resultando em um aumento de 3.156 nas posições vendidas.

Contratos em aberto
Os contratos em aberto de café na BMF subiram 1.723, saindo de 7.175 contratos em 29 de fevereiro, chegando em 8.898 em 30 de março.

Em NY, os contratos em aberto aumentaram em 23.327 contrados, saindo de 133.811 para 157.138, no período analisado.

Fonte: Café Point

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