Café: Enquanto o Brasil produz, a Alemanha fatura

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Quando o assunto é café, não há como deixar de pensar nas imensas plantações brasileiras e sua magnífica e histórica produção. De fato, o Brasil lidera o volume de colheita e de exportações, mas na hora de faturar com a commodity, os alemães é quem dão as cartas. Mesmo sem contar com um pé sequer de café em seus 357 mil km2 de extensão – o equivalente ao território do estado do Mato Grosso do Sul – a Alemanha é o país que mais ganha dinheiro com exportações do produto. “Eles estão no mercado europeu e possivelmente isso faz a diferença na comercialização”, analisa Guilherme Lange Goulart, presidente da Comissão de Café da FAEP.

O dado parece ainda mais complexo se pensarmos que, além de não plantar café, os germânicosexportam praticamente um terço do volume brasileiro. Como, então, explicar o faturamento alemão? “Eles (alemães) comandam o comércio com os países ricos, pois na Europa o café é uma grife. E a Alemanha conseguiu o status de possuir essa grife, essa

marca forte com o café”, explica o engenheiro agrônomo da FAEP, Claudius Augustus.

Para se ter uma idéia, a produção brasileira no último ano foi de 39 milhões de sacas, o que representa 32% de participação mundial. Desse total, 30 milhões foram exportadas. Somente para a Alemanha foram destinadas seis milhões de café verde. Em contrapartida, os alemães contam com uma produção zero e as exportações de café industrializado chegaram a 10 milhões de sacas em 2009, ou seja, três vezes menos que a quantidade brasileira. Porém, quando tudo isso é contabilizado no caixa, a realidade é outra. As exportações brasileiras rendem em média US$ 4,2 bilhões ao ano, o que significa que a saca é vendida por US$ 120. Na contramão vem a Alemanha, que vende o produto por US$ 200 a saca, ou seja, um valor 70% maior do que o brasileiro. A industrialização (torrefação e moagem) não justifica a enorme margem de lucro obtida pelos alemães. “É incrível, mas o preço que a Alemanha consegue é muito superior. E eles não são produtores e, sim, consumidores. Porém, a reexportação do café é algo muito forte e muito bem trabalhada”, diz Augustus.

"É fácil constatar isso pelos dados das Nações Unidas de comércio mundial. A Alemanha importou, em 2008, 19 milhões de sacas de café, pagando 3,3 bi de dólares (cerca de 173 dólares por saca). Reexportou 9 milhões de sacas com um preço médio de US$ 233. Ou seja, os alemães tiveram uma margem de 540 milhões sem descontar os custos e ainda mantiveram 10 milhões de sacas disponíveis”. Para Guilherme Goulart, é necessário investir em tecnologia, “sem ela não há como competir com outros mercados”. (FAEP)

Fonte: CNC
Disponível em: http://www.peabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=21594

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