Brasil não fica mais só com os produtos de pior qualidade

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Sem triagem. Historicamente, os melhores grãos de café iam para o mercado externo, mas o cenário mudou de uns tempos para cá Se antigamente os brasileiros se sentiam consumidores de segunda categoria, já que os melhores produtos do país eram exportados, hoje a situação é diferente. A estabilidade da economia, o aumento do emprego e da renda nos últimos anos tornaram os consumidores do Brasil mais exigentes e bem-vindos em vários países, como os Estados Unidos. Hoje, as empresas nacionais e multinacionais não medem esforços para agradar os consumidores "verde e amarelos".

O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, lembra que, há cerca de 12 anos, os melhores grãos de café eram vendidos para o exterior. "Isto, porém, já é uma página virada. Hoje, aqui se toma café de qualidade como na Europa e nos Estados Unidos. Não devemos em nada ao que é vendido lá fora", observa.

Herszkowicz explica que a preferência pelo exterior na hora de vender o produto de melhor qualidade era fruto do mercado da época, que era bem restrito para os produtos de alto padrão. "Era uma outra realidade. O país hoje é outro", frisa. Herszkowicz salienta ainda que os produtos sem qualidade correm o risco de perder mercado.

De acordo com dados da Abic, o consumidor brasileiro hoje pode gastar mais. Levantamento da entidade mostra que o índice de pessoas dispostas a pagar um pouco mais por um produto de melhor qualidade aumentou 32% em 2010. A pesquisa foi feita com 1.680 entrevistados em todo o país. O diretor executivo ressalta que a entidade possui uma certificação de qualidade e que já tem mais de cem marcas de café gourmet registradas.
Herszkowicz destaca que o mercado nacional consome, em média, 1 milhão de sacas de café de alta qualidade e outros 6 milhões de sacas são comercializados com 180 países, sendo boa parte para os Estados Unidos. "Além deles, outros grandes consumidores de café gourmet são o Japão e a Itália", conta.

O diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Breno Pereira de Mesquita, confirma que o melhor café brasileiro no passado era comercializado com o exterior. "Temos cafés de ótima qualidade, além de muitas cafeterias, que hoje são uma verdadeira febre. E é fato que ninguém sai de casa e vai numa cafeteria a não ser para tomar um bom café", diz.

Ele ressalta que hoje o Brasil é reconhecido não só como um grande produtor de café, mas como um produtor de qualidade. "O nosso mercado interno é muito importante. Só perdemos em consumo para os Estados Unidos. E se não tivermos um produto de qualidade para oferecermos, outros irão vender aqui. Hoje, temos um produto de qualidade dentro e fora do país", analisa. O Brasil é hoje o maior produtor de café do mundo, seguido pelo Vietnã e pela Colômbia.

PASSADO
O consultor de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Alexandre Brito, também defende que a ideia de que os melhores produtos são os de fora do país está ficando cada vez mais no passado, já que a indústria nacional está investindo em tecnologia e qualidade para poder disputar o mercado doméstico e internacional. "Há produtos importados de todo o tipo de qualidade", diz.
A situação econômica favorável do Brasil frente aos países europeus e aos Estados Unidos, que ainda sofrem os impactos da crise, tornou o país atraente para vários setores, como o de veículos. Mais recentemente, foi a vez dos chineses, como a Jac e a Chery chegarem ao Brasil. A também chinesa Lifan, que produzia motocicletas, diante de um mercado promissor passou em 2004 a fabricar carros no Brasil.

Fonte: O TEMPO online

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