Blairo Maggi adia novamente decisão sobre importação de café

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Pela terceira vez seguida, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, resolveu adiar a decisão final sobre a importação de café robusta. Bastante pressionado pelo setor produtivo e pela bancada capixaba no Congresso nos últimos dias, ele disse ao Valor que estipulou como prazo a próxima sexta-feira para pôr fim ao impasse e para que
lideranças do Espírito Santo provem se realmente há em torno de 4,6 milhões de sacas de café conilon em estoques privados do país, como vêm sustentando.

Em mais uma reunião com Maggi em Brasília, nessa terça-feira (7/2), o deputado federal Evair de Melo (PV-ES), o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), representantes do governo estadual do Espírito Santo, cooperativas e a federação de agricultura capixaba (Faes) voltaram a contestar o levantamento da Conab que indica um estoque de 2,14 milhões de sacas de café conilon em estoques privados no Brasil.

De acordo com as lideranças e produtores capixabas, os técnicos da autarquia não visitaram pequenas propriedades rurais de regiões importantes para a produção do grão. Diante do impasse, Maggi resolveu pedir aos presentes na reunião que apresentem um levantamento independente sobre o volume de café estocado no Espírito Santo por armazém e por município produtor.

O Valor apurou que o clima da reunião foi tenso e que o ministro demonstrou irritação com a resistência de lideranças capixabas do setor cafeeiro. Por diversas ocasiões, Maggi já declarou abertamente ser favorável às importações de café robusta do Vietnã.

Técnicos do ministério já produziram um relatório técnico que recomenda à Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do governo, a importação de até 1 milhão de sacas por um período de quatro meses (fevereiro a maio) com isenção de tarifa de importação. Esse entendimento atende solicitação das indústrias de café solúvel e torrado, que afirmam enfrentar escassez de café conilon no mercado em decorrência da quebra de safra, principalmente no Espírito Santo, devido à forte seca.

Agora a decisão ganhou contornos muito mais políticos, avaliou uma fonte do governo, depois que até o presidente Michel Temer, a pedido de seu colega de PMDB e governador capixaba, Paulo Hartung, aconselhou Maggi a aguardar mais tempo para anunciar a posição final do ministério. “Nós temos convicção de que os números de estoque levantados pela Conab são esses mesmo, agora como o setor apresentou outros números e dizem que vão mostrar onde estão os estoques, resolvemos checar”, afirmou Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, após conversa com o grupo capixaba.

Fonte: Valor Econômico

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