Base da economia sulmineira, café se adapta ao mercado, diz especialista

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Produzido desde o século XIX, o café, produto tema da Expocafé, que começa nesta quarta-feira (1º) e vai até sexta-feira (3) em Três Pontas (MG), continua sendo um dos mais importantes produtos da economia de Minas Gerais. Só no Sul de Minas, região responsável pela maior produção da variedade arábica do país, devem ser produzidas neste ano pouco mais de 10,4 milhões de sacas, enquanto em todo o estado são produzidas cerca de 26,6 milhões, o que equivale a mais de 50%¨da produção nacional.

A tradição cafeeira da região, no entanto, tem se adaptado muito bem aos novos métodos de comércio, como conta o presidente do Centro de Comércio de Café de Minas Gerais, Archimedes Coli Neto (foto: Luiz Valeriano/Ascom CCCMG). "O produtor começou a utilizar mais o sistema de trocas, sistema de CPR (Cédula do Produto Rural), venda futura. O produtor está mais bem informado sobre consumo e demanda, organizando mais as vendas e tendo um controle maior sobre os custos".

Ainda de acordo com o presidente, essas adaptações acontecem em conjunto com uma renovação dos produtores responsáveis pelas lavouras. "Uma nova geração de pessoas, que está trabalhando de uma maneira mais empresarial", destaca.

Segundo dados do CCCMG, dos 853 municípios mineiros, cerca de 600 produzem café. "No Sul de Minas, devido ao volume ser muito grande, com um giro financeiro muito alto, o produto é de extrema importância", diz Coli Neto.

Produção e mercado mais estáveis
A utilização do esqueletamento (técnica de corte dos ramos laterais) e outras descobertas em relação à produtividade, têm feito com que a produção seja mais estável ano a ano. Mesmo com a crise que atinge a economia brasileira, Coli Neto acredita que a constância da produção e uma visão mais ampla do mercado devem ajudar a manter o cenário mais equilibrado.

"O cenário nos leva a acreditar que nós tenhamos uma estabilidade nos preços, uma remuneração mais constante. Não vejo o café com uma diferença de preço tão alta como tínhamos no passado. Mesmo porque o produtor já aprendeu a segurar quando o mercado cai demais", explica o presidente da CCCMG.

Maior controle e conhecimento dos produtores em relação a oferta e demanda tem ajudado o mercado a se manter mais estável (Foto: Mauro de Melo)

Qualidade do café
Para Coli Neto, a qualidade do mercado interno também está melhor. Segundo ele, a população tem ficado mais exigente em relação ao produto. "Acho que a qualidade do mercado interno melhorou bastante. Tanto por parte do consumidor, que está aprendendo a tomar bons cafés, como por parte da indústria, que melhorou bastante seus blends, descobrindo um nicho de mercado, com o consumidor apreciando mais os produtos melhores".

Além disso, as cápsulas, que ganharam força no mercado após o governo zerar os imposto de importação, também contribuem para que o consumidor tenha mais opções na hora de escolher o tipo de café que irá consumir. "As máquinas de expresso modificaram o tipo de consumo. Existia muito desperdício porque antigamente as pessoas jogavam café fora, hoje melhorou bastante, até por causa da qualidade do café".

Máquinas de expresso e cápsulas de café têm ajudado o consumir a ter acesso a novos tipos do produto (Foto: Lucas Soares)

Insatisfação com o Governo
Apesar de acreditar no cenário positivo, Coli Neto faz críticas às políticas do governo para a agricultura. Segundo ele, faltam incentivos aos produtores.

"Eu vejo que a iniciativa privada faz a parte dela. Aliás, muito bem feita. O governo que não faz a parte dele e, quando faz, faz mal feita. Nós poderíamos ser muito mais competitivos em termos de exportação e organização, se nós tivéssemos uma política mais voltada pro café com pessoas que realmente conhecessem o setor. Isso não acontece somente com o café, mas de uma maneira geral com a maioria dos produtos agrícolas. Há muito desperdício por falta de uma política eficiente", afirma.

Apesar de cenário positivo, produtores estão insatisfeitos com políticas do Governo para o setor (Foto: Mauro de Melo)

Expocafé
A Expocafé acontece de quarta-feira (1º) a sexta-feira (3) na Fazenda Experimental da Epamig, em Três Pontas. O objetivo do evento é democratizar o conhecimento e apresentar as mais recentes tecnologias para a produção cafeeira. A expectativa é que mais de 20 mil pessoas passem pelos três dias de feira, gerando negócios acima de R$ 200 milhões. Nesta edição, serão 150 expositores em 12 mil metros quadrados de área vendida.

A programação inclui feira com exposição de produtos e serviços focados no agronegócio café (maquinário em geral, secadores, tratores, guinchos hidráulicos, roçadeiras, adubadeiras, plantadeiras, podadeiras, motoserras, sopradores, pulverizadores, lavadores e derriçadeiras, entre outros); dinâmicas de campo coordenadas pela equipe técnica da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG – que oferecem aos visitantes a oportunidade de acompanhar o funcionamento de máquinas e implementos; e cursos e palestras gratuitos para o público.

Serviço:
Expocafé 2015
Local: Campo Experimental da Epamig, na rodovia MG 167, em Três Pontas (MG)
Data: 1º a 3 de julho
Horário: 8h às 18h
Entrada: Gratuita

Fonte: G1 Sul de Minas (Régis Melo)

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